|
Com tua faca e teu garfo,
abra o universo,
de dentro retire o barco
que voa sobre nuvens de papel crepom,
apanhe o que está imerso,
uma taça de Moët Chandon,
de Deus roube a chave do Paraíso,
convide seus amigos,
os poetas que buscam palavras sem lacre,
os presidentes dos países que apoiam as artes,
com teu apetite de convidado principal
coma escargot's, a lagosta sideral,
frutifique tua espécie,
crie sua face em série,
com teu charme e tua nobreza
restitua o conceito de beleza
e produza poesias com gosto de romã,
escreva sobre o que virá como se não houvesse amanhã,
com tua capacidade de flanar
ande pela Paris recente
como se não houvesse dementes
de deuses solitários
a espargirem sobre seus sectários
a pólvora do desprezo,
com tua alma e teu espírito
abra a boca do tempo
e que ele solte o grito
guardado no oráculo da solidão
e que ele refaça o sangue do fervor
que pulsa em teu coração...
|
