Quem há de me condenar
por eu querer me sentir deserto sem nenhum oásis,
por querer me sentir um seco mar
tão parecido a um poema triste
sem nenhuma bela frase?
Quem erra diversas vezes em busca de amor
pode querer se separar da caça ao sentimento,
pode querer viver de espinho, deixar de ser flor,
atrás da pedra se esconder, fugir do vento,
sumir da frente dos olhos sequiosos do amor...
Quem bate na porta e escuta a voz da traição
por detrás do abajur, há de querer o quê,
apagar o hai-kai arrependido no coração,
das mãos suarentas jogar fora
aquele lindo buquê?
Quem há de me por no poste como procurado,
pagar para me condenar por tanto ter amado,
quem há de querer rir de mim, doloroso castigo,
se quem é abandonado já não encontra abrigo
no peito de alguém que por isso tenha passado?
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