Hoje não quero nenhuma palavra triste,
aquelas que resistem a rir e a dar abraços,
menos ainda as que, raivosas, insistem
em se manterem presas a seus laços...
Preciso daquelas que voam, livres, felizes,
que tocam piano ao cair da tarde, iluminadas,
que espalham polens de sonhos e dizem
versos que encantam pessoas apaixonadas...
Que entrem por nossa casa e saiam dançando,
se despetalem e nos mostrem como é bom crer,
que saibam que o tempo só existe quando
precisamos comemorar datas para sentimentos reviver...
Palavras que se descabelem e se penteiem e carecas,
palavras que pintem e manchem e grafitem os muros,
palavras que gostem de crianças e de bola e de bonecas,
palavras que tateiem e enxerguem muito bem no escuro...
Só assim poderei compor o poema que pretendo escrever,
só assim revelarão, cada uma delas, o seu belo interior,
só assim porei lado a lado, o branco, o preto, quem quiser ser
o que quiser, um pássaro, um som, uma gota da fruta do amor...
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