CA – De onde surgiu a ideia e quais foram os fundadores do estúdio?
Estúdio Armon – Primeiramente, gostaria de agradecer o convite! Bom, eu, Fábio Gesse, e meu irmão mais novo, Lucas Gesse, sempre desenharam. Desde pequeno, sempre criávamos nossas próprias histórias. Quando não achávamos uma história que gostaríamos de ler, nós a inventávamos e de uns anos pra cá, resolvemos que seria legal fazer fanzines dessas histórias. Vimos alguns fanzineiros em eventos de anime e pensamos: “Hum, podemos fazer isso”. Foi aí que nós dois abrimos o Estúdio Armon e começamos a postar nossas histórias na internet.
CA – Quais os propósitos do grupo e como isso é feito?
Estúdio Armon – O grupo atualmente conta com vários integrantes e nosso principal propósito, é levar nossas ideias até as pessoas e diverti-las com isso. Além do mais, também tentamos ajudar uns aos outros a ganhar uma posição de destaque frente aos leitores. Temos grupos secretos onde os membros trocam dicas, informações, apoiam uns aos outros e lá também decidimos quais serão os próximos passos do estúdio.
CA – Qual a maior dificuldade que vocês enfrentam no dia a dia do mercado nacional de quadrinhos?
Estúdio Armon – Acredito que o grande obstáculo tem sido a divulgação. Apesar de estar sempre nas redes sociais, talvez não tenhamos um nível de divulgação satisfatório. Nenhum de nós é especialista em publicidade, então vamos apenas fazendo nosso melhor. Também temos como grande obstáculo os preços. Na hora de fazer impresso, acabamos batendo sempre na mesma tecla: Os altos preços das gráficas contra o lucro quase zero que temos com nosso trabalho. Fazer uma tiragem grande de impressos acaba sendo um grande desafio, visto que precisaríamos cobrar mais caro e aí a taxa de vendas é bem menor.
CA – Como funciona o periódico mensal de vocês e como as pessoas podem participar?
Estúdio Armon – A Action Hiken foi criada para trazer algo semelhante a Shounen Jump japonesa, mas gostaria de frisar que não é a Shonen Jump brasileira. Sempre ouço sugestões de como ela deveria ser, mas queremos criar nossa própria identidade. Acho que estamos conseguindo, já que esse mês ela completa um ano de publicação digital. A revista sai todo dia 30 de cada mês, com 6 ou 7 séries, dependendo do mês. Os artistas tem até o dia 25 para me entregar os conteúdos de seus capítulos, para assim, montarmos a revista à tempo. Atualmente, não temos vagas para novos artistas. Há alguns meses fizemos um concurso de one-shots para novos artistas entrarem, mas esse método acabou se mostrando pouco vantajoso, então vou recebendo os nomes e trabalhos dos interessados e quando abrir uma vaga, convidaremos um novo artista. Os concursos podem voltar em breve, mas após uma reformulação para 2017.
CA – Com dinamismo e espírito empreendedor, além de produzir uma antologia de manga on-line mensal, vocês criaram uma livro impresso por financiamento coletivo, de onde surgiu a ideia e qual o modelo dessa singular publicação conhecido como Era uma vez?
Estúdio Armon – O Era Uma Vez foi um projeto ímpar no estúdio até agora. Em 4 anos de existência, foi nosso trabalho mais audacioso e tudo teve início com a Cristiane Armezina, nossa integrante, e os antigos collabs que fazíamos no site. Convidávamos artistas para participar de collabs organizados por nós, mas sem pretensão alguma, até que vimos no Catarse uma campanha do Felipe Cagno, chamada 321 Comics. Ele convidou artistas para fazer histórias curtas, respeitando regras, e achamos inovador! Queríamos organizar um collab para ser postado no site e começamos a convidar os artistas com as quais tínhamos mais afinidade. Acabou que a ideia de fazer um livro nos moldes da obra do Cagno, surgiu, e começamos a trabalhar para fazer nossa primeira prova de fogo no Catarse. Era pra ser uma experiência de “aprendizado”, mas para a nossa própria surpresa, conseguimos o apoio suficiente para realizar a campanha e o livro ficará pronto no mês que vem!
CA – Em algum momento um mangaka já entrou em conflito com o grupo e qual motivo levou a essa exaltação por parte dele?
Estúdio Armon – Algumas vezes já aconteceram casos desagradáveis de conflito do grupo com outros artistas. Na maior parte das vezes, aconteceu por diferenças ideológicas ou divergência de planejamentos. Acontece que tanto o Estúdio Armon, como a Action são trabalhos voluntários e não podemos pagar os artistas por enquanto. Para chegar nesse nível, tracei uma escada de planejamento e quando a pessoa entra para nosso grupo, essa pessoa precisa respeitar nosso planejamento sem querer apressar as coisas ou contestar as decisões do grupo. Mas cada um tem seus próprios pensamentos. Muitos grupos de desenho já faliram por tentarem saltar um degrau e acabaram rolando escada abaixo. Não vamos saltar nenhum degrau. Achei interessante essa pergunta, nunca me fizeram ela. (Risos)
CA – Vocês realizam um concurso de manga periodicamente, quais são as regras e ele possui premiação?
Estúdio Armon – Minha vontade era de fazer concursos periódicos, mas acaba que nem sempre conseguimos fazer. Demanda de um tempo de atenção e como nossos projetos tem tomado bastante tempo, não pudemos trabalhar em mais concursos, mas queremos fazer em breve. Nos dois concursos que tivemos na Action até agora, a premiação ficou por conta de ganhar uma série na revista e um sketchbook do nosso parceiro Desenho Online. Estamos pensando no que fazer para os próximos, quem sabe...
CA – Quais são os maiores atrativos para quem quer ler a antologia mensal do Estúdio Armon?
Estúdio Armon – Acho que tanto para a Action quanto para as próprias obras do Estúdio Armon, talvez nosso maior atrativo seja a criatividade. Não estou dizendo isso por gerenciar o grupo, mas as ideias que esses artistas criam e colocam em prática, é algo que eu nunca tinha visto em quadrinhos nacionais antes. Hoje em dia tempos bastante gente boa fazendo bons trabalhos e acredito que nossos trabalhos tenham essa qualidade. Uma boa história que divirta, com certeza vai achar alguma dentre os vários gêneros que trabalhamos.
CA – Qual a possibilidade do Estúdio Armon se tornar uma editora no futuro?
Estúdio Armon – Eu trabalho com essa possibilidade. Na verdade, o objetivo é esse. Queremos chegar nesse patamar, de poder publicar realmente coisas que não foram apenas feitas por nós. Mas é uma escada cheia de degraus como falei anteriormente. Acredito que se subirmos um degrau por vez, chegaremos lá.
CA – Ultimamente algumas editoras criaram concursos literários e até publicam álbuns de mangas escritos e desenhados só por brasileiros, a que se deve essa mudança de postura?
Estúdio Armon – Acredito que o grande estopim para perceberem que aqui também tem coisa boa, foi o Silent Manga Awards, aquele concurso internacional de mangá, em que os brasileiros tem ganhado um bom destaque. Após ele surgir, que as editoras começaram a dar mais valor aos quadrinhos nacionais e acredito que a tendência é ganharmos cada vez mais espaço.
CA – Que tipo de manga costuma ser cancelado na antologia?
Estúdio Armon – A ideia inicial seria cancelar os mangás que não são tão populares. Porém, neste primeiro ano da Action, com alguns contratempos de desenhistas encerrando suas próprias séries por problemas pessoais, acabou que poucos mangás foram realmente cancelados. Tivemos Acidental Power Heroes, que foi cancelado por baixa popularidade. Berta The Witch, por falta de acordo do autor com a revista. Acredito que só.
CA – Qual o maior perrengue que o grupo já passou na vida?
Estúdio Armon – No final de 2014 pra começo de 2015, tínhamos 6 integrantes e 4 deles saíram, voltando a ficar a formação inicial, apenas eu e o Lucas. Tive alguns problemas pessoais também e uma depressão meio pesada e de janeiro até abril, os trabalhos praticamente pararam. Só postava tirinhas porque tinha elas prontas, mas a produção de todo o resto, ficou paralisada. Naquela época, quase encerramos o estúdio de vez, mas surgiram novos integrantes que levantaram nossa bola e fomos voltando a ativa aos poucos.
CA – Qual o nível de interação de autores/leitores com o estúdio Armon?
Estúdio Armon – Sinceramente, gostaria que ela fosse bem maior, mas como os autores estão sempre ocupados produzindo, a interação é razoável. Trocamos ideias com leitores através de Facebook e por aí podemos sentir o feedback dos trabalhos. Sempre que alguém vem falar comigo, tento ser o mais gentil possível e arrumar tempo para responder, mas o volume de trabalho é grande e a interação poderia ser bem melhor, de fato.
CA - Qual é a oportunidade que está faltando ao Estúdio Armon?
Estúdio Armon – Talvez um apoio financeiro ajudaria demais. Criamos o Padrim, para receber apoios de 1 ou 2 reais dos nossos leitores, mas não recebemos quase nada até agora. Com esse apoio, se recebêssemos cerca de 50 reais por mês, daria para manter uma tiragem de impressos razoável. Também falta um pouco de visão para divulgação, mas estamos trabalhando isso. No mais, acho que a grande oportunidade para ganhar os olhos do mercado nacional, está sendo o Era Uma Vez e não vamos deixar essa passar!
CA – O que podemos esperar do Estúdio Armon no futuro?
Estúdio Armon – Muita garra, dedicação, esforço e trabalho. Participaremos do BMA da Editora JBC, e dessa vez para vencer. Batemos na trave ano passado. Também participaremos dos concursos da Draco, e teremos o Era Uma Vez para vender e participar de eventos no ano que vem. Pretendemos terminar finalmente o Talento FC, que foi nossa primeira série e lançar algumas coisas novas no Social Comics. Talvez novas campanhas no Catarse, mas não posso falar a respeito ainda, e impressos de maior qualidade, que com certeza estão na nossa lista de prioridades. Aguardem!
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