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Já conheceu algum fodido na vida? Então lê isso aqui...
Roberto Queiroz

A página 135 do livro que estou lendo diz foda-se para mim. Não foi o personagem do livro que disse não. Foi a própria página que disse, aliás gritou FODA-SE!!! bem alto e em letras de imprensa. Fiquei tão indignado que rasguei a página do livro, amassei-a e a comi vorazmente. A única coisa ruim é que estava no início da página, portanto estragou a minha leitura. Mas foi melhor assim. Detesto livros cínicos, pretensiosos, que precisam recorrer à uma linguagem chula, de baixo calão, para impressionar os seus leitores. Já passei dessa fase de metidice literária. Hoje quero algo mais verdadeiro. Se bem que falar de verdade no mundo literário é sempre complicado. Como falar do real no romance se nem mesmo na vida sabemos o que o real é de fato? Alguns autores célebres até se arriscaram, mas é uma tarefa inglória. Pior do que procurar agulha em palheiro. Talvez o que mais tenha se aproximado disso seja Shakespeare. Também ele foi um mulherengo nato, bebia todas (provavelmente), frquentava o meio teatral, cheio de mentes inquietas e personalidades turbulentas. E eu não sou Shakespeare. Não chego nem perto disso. Sobrevivo de míseras crônicas escritas para um tablóide de gosto duvidoso cujo público principal é o GLS. Meu pseudônimo (ou nome de guerra, como os meus leitores preferem) é Ginger Ale. Eu sei: sou uma mulher na ficção. Não sou um ghost writer porque não existe nenhuma escritora famosa chamada Ginger Ale (ou será que tem? Preciso averiguar isso com certeza). A única coisa que eu sei é que parece que Ginger Ale é água tônica. Pelo menos foi o que eu entendi. Mas isso não importa. O que realmente importa é que eu estou fodido e mal pago, devendo a Deus e o mundo (principalmente o mundo), vivendo de favor na casa de uns amigos que ouvem 30 seconds to Mars, uma bandinha muquirana que eu não curto nada, nada, e fico tentando convencê-los a ouvir um Arcade Fire, um Kings of Leon, quem sabe até um Radiohead (se bem que o último álbum do Radiohead eu não gostei. Só se for o "In Rainbows"), a namorada do dono da casa não vai com a minha cara, mas se ela está pensando que vai se dar bem e me expulsar de lá tá fudida porque eu peguei ela dando uns amassos num outro cara dentro da Fosfobox e ela vai comer na minha mão, isso sim. Se é que eu não vou comer ela. Porque, meus amigos, eu quando sou mau, sou pior do que a Mae West. Não sabe quem é Mae West? Entra no IMDB.com que você descobre. Como o bico que eu faço como cronista não paga nem a metade das minhas contas, o meu celular virou módulo pai de santo: só recebe. Minhas roupas são escolhidas cuidadosamente em brechós de quinta categoria e o que determina a minha compra é o valor nas etiquetas. Quanto menor o preço, melhor. Foi lá que eu conheci a Amanda, uma menina fora de série que de vez em quando me dá umas dicas legais que eu coloco nos meus textos do Jornal. Tem uma galerinha que diz que ela é afim de mim, mas não sei... Não é essa a sensação que eu tenho e como não quero forçar a barra, acabo ficando nessa de melhores amigos e coisa e tal. Sei que preciso dar um rumo melhor pra minha vida, mas cadê coragem? O meu problema é que já me acostumei a ser revoltado desse jeito. Gosto desse meu comportamento "que se dane o mundo" e não adianta que não levo desaforo pra casa de jeito nenhum. Se tiver que sair na porrada, saio; se tiver que discutir, discuto; Se tiver que quebrar a garrafa na cabeça de álguém, quebro e se tiver que xingar a outra pessoa dos 725 tipos de palavrões que descobri na internet outro dia desses, eu xingo. E ponto. Não gosto dessa palhaçada de politicamente correto. Essa gente que finge que se tolera, mas quando o outro dá as costas mete o malho a torto e a direito. Isso é insuportável e não faz meu tipo. E só por causa disso já deu pra perceber que tenho muitos inimigos. São inimigos mesmo, não é esse papo furado de desafetos, não. Sou do tipo que bota até o nome do(a) babaca na macumba pra despachar ele(a) de vez. Comigo é assim: encheu o saco, eu boto pra rodar. Se nem a página do livro eu perdoei, botei pra rodar, que dirá Zé mané querendo tirar onda com a minha cara. Fala sério! Não tenho vocação pra idiota, Eu não.


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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