Eu não sei mais para onde ir,
nem posso perguntar pois ninguém me escuta;
não quero o mais alto prédio
nem a mais escondida gruta,
só quero uma casa com quintal e céu,
chinelos velhos e um pote de mel,
um cachorro que durma até tarde,
uma horta e um jardim sem rosas tristes,
enfim, uma vida sem véu...
Hoje ainda passo por corredores cheios de arames,
tenho que fugir de abelhas, mil enxames,
olhares me buscam para me colorir,
corro e tenho que fugir,
as poucas roupas que tenho estão puídas,
assim como meu velho coração, nesta vida...
Se tiver algo para me dar, dê;
talvez eu possa buscar, te agradecer,
ou então, mande pelo correio,
pode ser carta simples,
pode ser de avião,
mas, por favor,
se sentir amor,
mande um pouco,
do seu coração...
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