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Vilã!
Tanny Tarquínio

Eu não era pros contos de fadas. Por mais que eu achasse lindas as histórias das princesas, a meiguice e delicadeza me encantassem de algum modo, eu não cabia naqueles moldes, me entediava o excesso de perfeição. Eu pensava com meus botões - carregando, inclusive, uma certa culpa por isso - o quanto os vilões eram melhores e mais inteligentes, não pela maldade, mas pela imprevisibilidade. Era muito claro que nesses filmes tudo ia acabar bem no final, a princesa e o príncipe iam ficar juntos e seriam felizes para sempre. Tá! Mas o que isso tem a ver com a realidade? O fato é que eu me identificava muito mais com as vilãs, elas sim eram autênticas e verdadeiras. Não que eu ameaçasse a integridade física, psicológica ou financeira alheia, porém, os vilões são mais reais porque eles vão atrás do que querem, porque pensam, articulam, usam, sentem, são magoados e magoam, os vilões são mais humanos. São incompreendidos que foram sorteados para ser exemplo de maldade injustamente, pois faltava quem os visse em trato real. Consequentemente, se tornam maus por traumas, por escolhas não convencionais, por sobras da vida. Todo mundo que não segue um padrão pré-estabelecido acaba sendo considerado ser do submundo, logo, é caracterizado como vilão e eu - tal qual eles - era uma contravenção. Mas existe coisa mais humana que viver uma série de desacertos e passar o resto da vida tentando vencê-los? Existe coisa mais humana que querer tomar caminhos diferentes dos que já são automaticamente traçados? A forma como agem talvez não seja a melhor, mas há de se admitir que diferente dos mocinhos, os antagonistas buscam e alcançam o que desejam, pouco importando-se com o que o resto do mundo vai pensar. Vivem e articulam pela própria satisfação. E se esse é preço que se paga pra viver da forma que acredita, segundo a própria vontade, tirando do caminho o que atrapalha, dispenso a perfeição de ser a princesa/mocinha e fico com o imprevisível perigoso e excitante dos personagens maus. Perfeitinho só tem graça quando é perfeitamente como a gente quer.


Biografia:
Escrever, pois o que não cabe na gente escorre em palavras.
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