Eu te carregava, não por escolha, pela mania de carregar comigo - mesmo sem apego - tudo o que era diferente. Nunca consegui te transformar em ódio, porque odiar se tornou intenso demais pra mim. Eu te encaro com o poder misterioso de quem sabe, de algum modo, que é observada por olhos congelados, ouvidos totalmente atentos e uma face que é muito melhor em fingir do que em sentir e por isso se locomove com um peso grande. O peso da falsa liberdade. Se ver livre sem realmente ser é a maior das prisões. Enxergo cada bola de ferro carregada pelo teu calcanhar. Prisioneiro de si mesmo. Eu vejo aqui do alto os teus conflitos sem anseios por respostas, você não quer saber porque elas são duras e ainda não está pronto pra encará-las. Porém as respostas te perseguem, a verdade que você esconde não te deixa ter paz. Te perturbam dia e noite, porque você não quer saber, mas sabe. Porque você quer controlar, mas não consegue. Porque você quer correr, mas está paralisado. Porque você não quer sentir, mas sente. Não se perdoa por sentir. Porque você quer sair se aventurando, mas a cada esquina que dobra encontra a minha porta com a resposta. Tudo está nela, só não tua coragem de abrir.
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