Quanto mais ando mais labirintos encontro
e a eles me ponho, pronto,
como um Minotauro que se perdeu
e chama, desesperado, por Teseu...
Entre os homens palavras são caminhos
como entre uvas abraços são vinhos
decantados à força do amor,
leve acidez, bruta rubra cor...
Entre nós pairam entes da natureza, força vital,
um anjo nu sobre o mais belo animal,
duendes e fadas reinam ao nosso redor,
nós é que só vemos o que há de pior...
Palavras, nuas, esperam serem vestidas
como gomos de laranja por cascas amarelecidas,
versos escapam das ramas de oliveiras ultra-verdes,
a água, sua ou não, dai a quem tem sede...
Ergo a poesia como bebê recém-nascido,
ao sol brindo seu corpo de carne fresca e sangue em flor,
levo-a às esquinas do mundo e, tendo desaparecido,
a encontro neste poema encantado repleto de amor...
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