Prelúdio II
Não tenho a pretensão de ser um poeta! Mais distante ainda ser um insano escritor. Quero ser apenas mais um angustiado com o seu tempo, e perdido com suas frustrações e sentindo que a cada dia tenho menos um dia. No meu ceticismo passado e presente duelam ferozmente, buscando uma explicação para a estarrecedora vida. O que resta é procurar a calmaria atrás de algo posto próximo da complexidade da origem de perguntas e respostas, todas sempre postas em um lugar imaginário. Veio-me a mente o maravilhoso livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. Nada melhor do que começar sua história olhando para o próprio corpo, postado dentro de um caixão, com um odor peculiar de quem teve uma morte horrível, e não bastante o cheiro de cravos amarelos que contaminam o espaço tão fragilizado pela dor da perda. Assustado e perplexo com a cena que lembra um poema de Augusto dos Anjos e a sua perspicácia ao tratar os improdutivos cadáveres. É perceptível que a vida é insignificante e o corpo apenas o habitar natural de milhões de bactérias.
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