A UM PASSARINHO
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!
Apenas para refletir. Esta poesia me trás reflexões desde que a li pela primeira vez – deve ter sido em alguma aula de literatura lá pelo ensino fundamental ainda – Não só reflexões, são muitas interjeições que surgem na minha cabeça sempre que revisito estes poucos versos.
Será que a felicidade não produz nada, ou pelo menos não poesias? Poetas precisam da tristeza para serem de fato poetas? De uma coisa tenho certeza, o cancioneiro popular brasileiro, sem dúvida, seria fatalmente ferido se não fosse pela existência da tristeza.
Não sou poeta, nem tenho a alma de um, muito menos a pretensão de o ser. Sou mais do tipo filósofo barato, daquele que você encontra nos botecos no fim da noite, quando o álcool solta qualquer amarra social, e o indivíduo perde o medo de externar ao mundo seus loucos pensamentos.
Sendo assim, alguém que conhece estes versos de Vinícius de Morais ainda tem a pretensão de se tornar um poeta? Mesmo sabendo que fatalmente deve se tornar um ser triste, sendo que a tristeza é o combustível de suas criações?
Vou tentar quebrar essa corrente.
A partir de hoje me desafio, desafio ainda, qualquer outro pretenso escritor a ser feliz e ainda escrever belas frases, não só versos. O novo, o inesperado, surge da inovação. Vou quebrar as grades e fugir daquilo que o magnífico compositor acima citado falou.
Muita pretensão? Talvez. Mas é isso que muda o rumo de uma sociedade, se muda todo um status quo social, talvez seja capaz de alterar, quem sabe, um simples método de processo criativo.
Que o experimento comece, pois ando tão feliz, e ao contrário do Vinícius, tenho tanto a dizer.
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