Que veio teus filhos fazer África
Nesse solo madrasta, nada gentil?
O braço forte que acabou lavrando
Era o braço do negro em grilhão.
Os filhos teus não fugiram a luta
Eles levaram a cabo sua missão.
O porão negreiro continua fétido
No fundo de um carro de polícia.
E quando não estão numa prisão
Estão nas garras de alguma milícia.
Como podemos considerar irmão
Aquele que acaba se ofendendo
Ao ser chamado de preto na rua,
Não é a cor que te da à condição,
Num mundo que já é ruim por si só.
Irmão que acaba roubando o irmão
Já chegou ao mais fundo do poço,
Esperamos o verme roer tua carne
E só parar quando chegar ao osso.
Mas não é nesse mundo de ódio
Que podemos encontrar o amor,
E nem com o espírito do puro ócio
Está a arte de curar a nossa dor.
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