Já nem sei porque paro à porta da espera,
já que sei que nem o anjo e nem a fera
por detrás deste silêncio vieram
dar-me as mãos etéreas...
Já nem sei por que somo se já sei o resto
desta toda poesia que se faz incompleta,
que ao vazio que ocupa todo deserto
dou-me como fosse arte abjeta...
Já nem sei porque sei o que soube de mim,
que viveria às custas da solidão,
imenso campo sem um único jasmim...
Já nem sei porque pergunto se já sei a resposta,
que procuro amar de todas as maneiras
mas, de mim, verdadeiramente, ninguém gosta...
|