Sim, agora sei o que o tempo faz
quando me faz tudo fazer para não o pensar;
se ocupa em me ocupar, não com filosofia audaz,
mas apenas para que eu não o veja de mim escapar...
Se faltei à aula, sei que perdi algo na procissão
de atos que se sucedem como contas de um rosário;
talvez um batimento de amor escapado do coração,
um filamento de luz que se desviou de tantos, vários...
A ampulheta que espio me espia em igual tamanho,
como a acho deveras estranha me acha também estranho,
nos miramos sem evasivas e sem ter o que encontrar...
Saio ao tempo da minha existência e o vivo como ele em mim,
ambos sabemos que em tudo há um começo, meio e fim,
rimos juntos, sabe ele que sou seu rio como a mim ele o mar...
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