Não existe,
nem fogo nem vento
nem tudo nem algo
nem mesmo a brasa de uma fogueira que queima
sem queimar
em um passado tão futuro
que esquece-se de crepitar
e a alma de tudo e todos
sem nem pestanejar
corre pelos ares que nem existem
em um inexistente luar
torna-se tão fria
a noite que nem temos
e temos o que nem somos
somos o que não podemos
e poder seria algo
mas antes mesmo não era
e quando eu digo que fui
é um passado deveras
mas que bela poesia
iníqua ao meu céu
um meu tão pequeno
ainda maior que eu
não me procures, prometa!
e não pergunte onde poderia estar
porque eu só conheço o nada
e é só meu nada que posso dar.

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