Local: Salã de festas da mansão do falecido Bartholomeu Gouvêia de Bulhões ( RJ )
Se encontram presentes no local, além da viúva Laurita Espinoza de Bulhões, os filhos Otávio, Plutarco, Magali, Osmar e Chico. O clima é de tensão.
Os faxineiros ( personagens cômicos da trama, aliás, em sua última participação no episódio ) Uílenelson e Elvisprésleisson recolhem os cinzeiros cheios e se retiram.
- Bem, meus filhos - começa a quebrar o gelo a viúva, Laurita - infelizmente não temos como saber quem será o herdeiro da fortuna de Bartholomeu...
- Oras, e por quê?, retruca Chico, o mais velho dos irmãos, presidente das empresas Bartholomeu Gouvêia de Bulhões.
- Porque, responde Laurita, não sabemos onde está... a chave!
( Som de tambores estilo "Carmina Burana" )
- Não sabem?, ri-se Chico. Mas acontece que... EU SEI!
- Sabe?, espanta-se Osmar, o segundo.
- Claro, hahaha. Esteve comigo o tempo todo!, responde, triunfante, Chico.
- OHHHHHHH!, fazem todos.
- Mas...como?, pergunta a viúva, Laurita.
- Eu peguei, enquanto vocês, imbecis, procuravam pela declaração firmada.
- OHHHHHHHH!, fazem todos, novamente. Entram os tambores estilo "Carmina Burana".
- Aliás, - diz, interrompendo os tambores, Magali, a filha única e ainda virgem aos 36 anos de idade - foi bom tocarem no assunto da declaração desaparecida.
- É mesmo? E por quê?, quis saber Plutarco.
- Simples. Porque ela esteve comigo durante todo esse tempo!, revela Magali, para espanto de todos. E digo mais - continua ela.
- O quê?, pergunta Laurita.
- Eu já não sou mais virgem..., diz, olhando na direção de... Otávio, o caçula, que fica branco e, depois, enrubesce.
( TCHIM, TCHIM, TCHIM, TCHIM - Som mezzo-copiado de Bernard Hermann )
Laurita desmaia. Vem os comerciais.
( 5 minutos de chatice depois... )
- Mãe. Mãe...
- UOOGHHH! O que houve?
- Você desmaiou quando soube que Magali não era mais virgem.
- UGGGGH!, gemeu Laurita, sentindo o fígado na boca.
- Na verdade, mamãe - prossegue Magali, em tom desafiador e vingativo - você desmaiou quando percebeu com quem eu perdi a virgindade: o Otavinho, o "caçulinha".
- Oras, sua dupla de vagabundos! Onde já se viu uma coisa dessas, um pecado contra a Natureza?? Seuss... seusss...VERMES! Irmão e irmã!!!!!!!
- Só que ele não é bem meu irmão, não é, mamãe?
- O que quer dizer?, indaga Chico.
- Pergunte à mamãe, sobre o instrutor de caça à raposa.
Todos olham para Laurita, que se encolhe no sofá Louis Vutton. A traição de tantos anos fôra revelada.
- Isso quer dizer que eu...?, murmura Otávio.
- ... não tem direito à herança integral, responde Magali.
- Mas como podemos saber? O testamento desapareceu durante o incêndio na fábrica - diz Osmar, lembrando o incêndio suspeito ocorrido 7 meses atrás.
- Nada disso!, irrompe uma voz.
Entra na sala o senhor...
... nome é Elias P. Adamastor Sepúlveda, do escritório Sepúlveda & Filhos. Trago comigo a cópia do testamento do sr. Bartholomeu Gouvêia de Bulhões. Devo informar à família da última vontade do sr. Bartholomeu.
- Mas como assim?, surpreende-se Laurita. "E quanto à banca que sempre serviu à família Gouvêia de Bulhões?"
- Não posso falar a respeito de concorrentes - desdenha Dr. Elias - mas a escolha do sr. Bartholomeu por nossa firma muito nos honrou.
Dito isso, Dr. Elias abre a pasta, tira um documento, e se põe a ler:
"Rio de Janeiro... data de... Eu, Bartholomeu Gouvêia de Bulhões... plenas capacidades mentais... é de meu desejo e vontade que toda a minha fortuna seja herdada por meu honrado e estimado amigo..."
- O chá está servido!, interrompe Artemus, o mordomo, trazendo o carrinho de chá.
O advogado prossegue:
"...além de leal servidor...ARTEMUS!"
O mordomo, que segurava uma bandeja de prata deixa-a cair. Laurita desmaia novamente. Magali dá uma risada demoníaca. Otávinho, que nem pertence diretamente à família, não se abala muito. Chico se desespera. Osmar fica estupefato.
Adeus, senhores - despede-se o Dr. Elias - Se um dia algum dos senhores e senhoras precisar, nosso escritório estará à disposição.
E sai porta afora.
Os "ex-herdeiros" olham para aquele mordomo.
Ou melhor, "ex-"mordomo. Ele olha a bandeja no chão, depois encara os familiares do saudoso patrão Bartholomeu. Se apruma, respita. E expira. Então:
- Senhores e senhoras... peço-lhes sua atenção, por favor...
Todos pensam a mesma coisa, sem que ninguém comunique-se um com o outro. Que ele reconhecerá não ter direito de ser considerado herdeiro do Dr. Bartholomeu, o patriarca. Que sempre foi feliz servido bandejas, e que deseja continuar assim até o fim de sua vida, servindo. Que é o que de melhor sabe fazer. Que o velho Barthô devia estar passando por alguma moléstia mental quando assinou esse documento.
Prossegue Artemus:
- Queiram por favor retirar-se de minhas propriedades, senão serei obrigado a chamar a polícia.
( TCHIM, TCHIM, TCHIM )
Entram os créditos finais.
FINAL ALTERNATIVO, DEIXADO DE LADO NO ÚLTIMO MINUTO PELOS AUTORES, QUE QUERIAM PASSAR UM SUSPENSE PROS TELESPECTADORES.
Dr. Elias lê o testamento para a platéia de familiares do Dr. Bartholomeu Gouvêia de Bulhões:
"... e que plenamente dotado de minhas faculdades mentais, eu, Bartholomeu Gouvêia de Bulhões deixo toda minha herança para meus familiares ( lista os familiares felizardos ), como minha vontade e desejo após minha morte."
- ÊÊÊBAAAAAA!, exulta a família.
Mas Dr. Elias interrompe o momento de alegria familiar:
- Calma, calma. Há um adendo.
- O quê? Que tipo de "adendo"?, pergunta Laurita, a viúva, que já faz planos de viajar pela Itália com o amante de longa data, Demerval, o motorista da limusine ( o instrutor de caça é o reserva ).
Completa Dr. Elias:
- "E em caso da morte de todos meus herdeiros, toda a fortuna será de meu fiel criado, além de leal amigo, Artemus."
- Ahhhhhh! - fazem todos, alivados, pois todos gozam de ótima saúde, graças ao ar de Petrópolis, onde viveram e foram criados.
Mesmo assim, os herdeiros começaram a discutir a validade do tal adendo, considerando que, talvez, o velho patriarca da família já estivesse perdendo a sanidade mental quando tomou tal decisão.
Dessa forma, ninguém percebeu o gosto estranho do chá que Artemus lhes servira.
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