Já menti tanto
que limpei a boca da verdade
com um outrora pano branco;
hoje manchado com palavras ocas,
algumas sem dentes, outras loucas,
lavo-o, por cortesia, no entanto...
Contei tantas mentiras
que algumas exigiram que fossem tratadas
como a mais absoluta verdade;
a fome de conhecer o que está oculto
beira à insanidade...
Pude conhecer
o que existia por trás de cada palavra,
a pele suave, alva, lisa, macia,
por debaixo da pele o plasma,
por detrás, o nunca mais...
|