Só aprende com a flor
quem se arrisca em seus espinhos,
com o amor
só quem bebe de seu doce vinho...
Só sabe rezar que se iniciou no pecado,
o conheceu na pele, com ele foi tatuado;
andou pelas sendas cheias de becos,
do alto da flor singela caiu no esterco...
Só viu a sombra do Diabo quem espiou pela fresta
e viu a maçã vermelha na cesta de vime;
entrou, sorrateiro, pensando ser uma festa,
viu no chão o corpo: era só um crime...
Só conhece a si quem se perde, por querer,
e vaga pelas cordilheiras feito um peregrino;
gasta o tempo necessário e no espelho volta a ver
o rosto antigo de quem era: aquele mesmo menino...
Só sabe da vida quem se dá a ela sem restrição,
luta, labuta, encurta o fio da ignorância;
põe a razão a conhecer as coisas do coração,
reconhece-se ao redor, em primeira instância...
Sabendo o que precisa saber, doa,
a si guarda a parte que lhe cabe;
seu corpo, música, ao mundo soa
a canção infinita que lhe invade...
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