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O homem não engravida
como fazem as mulheres,
o homem engravida de ideias celestes
e as traz para o campo agreste
da vida comum que praticamos,
música, pintura, cosmicidade
para onde vivemos e estamos,
como fosse um fazedor de objetos,
alguns invisíveis, outros, concretos...
O homem não sabe o que faz a árvore para gerar frutos,
sabe apenas descansar sob ela e deixar rodar o mundo,
espiar a maçã que cai numa fortuita cabeça,
medir a distância entre o trem que vai e o que chega,
sabe ser mendigo, vilão, herói, plebeu, ser da nobreza,
o homem vem e vai como pergunta e resposta,
algumas que são para o nosso bem,
outras que, tenho certeza, ninguém gosta...
Por ser inventor o homem trouxe à tona certos sentimentos
que permanecem e fazem as pessoas ficarem juntas
e outros que separam as coisas como o espaço e o tempo
que se gasta para encontrar alguém e praticar a permuta,
isto é, amar e odiar, ter para dar e ter para guardar;
o homem é, com certeza, o que mais se apropria
e o que mais reparte o que na vida cria...
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