Não é de hoje que questiono os porquês de perdermos os nossos, principalmente quando os nossos nos são muito queridos. Numa certa altura da vida, já nem lembramos quando perdemos os nossos avós, foi há muito tempo, ainda éramos crianças. Talvez.
Alguns têm o privilégio de serem avós e ainda terem os seus avós. Não é comum.
Comum é, que, quando avançamos na estrada da vida as “perdas” são inevitáveis. São sucessivas separações, não importando de que maneira elas aconteçam.
Teimosos somos nós em pensar que, porque ficamos, sejamos eternos.
A longa estrada da vida desembocará numa enorme vidraça. É lá que os que foram antes, estão olhando e torcendo por nós. Como se fosse uma vidraça do berçário, onde, sorridentes e esperançosos, os olhares dos parentes admiram a nova vida que está iniciando.
Do outro lado da vidraça da vida estão eles, nossos entes que nos foram caros, nos aguardando, também sorrindo e esperançosos. Não numa corrente para que cheguemos logo, e sim, para que suportemos com serenidade se algum sofrimento físico houver. Sim, pois tais sofrimentos, físicos ou não, pertencem ao mundo terreno.
Do outro lado da vidraça, seremos perdoados e perdoaremos, pois o verdadeiro perdão não pertence ao mundo terreno.
Do outro lado da vidraça entenderemos as coisas que no mundo terreno ainda são incompreensíveis.
Que fiquemos mais um pouco, ou mais um “muito”.
Não queiramos saber o que tem do outro lado da vidraça, ainda.
Mas é certo que do outro lado da vidraça os nossos estão bem, todos, e sorridentes para nós.
E podem ter a certeza, eles estão rezando por nós.
Somos nós que precisamos.
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