Um dia os amores foram feitos de pepitas,
de ouro as pepitas, cada uma bela em vida,
viviam às expensas da voz de ouro que grita
que todo amor é vasto e mais quando fica...
Um dia que se foi, perdido entre pensamentos,
quando havia as horas e elas eram o tempo,
cada um gastava seus momentos como o mundo
gasta suas coisas como quer, num segundo...
Sem elipses sentimentais,
furor de saltar da ponte,
o amor morava perto do cais,
vivia se dando aos montes...
Num dia que se foi, escoado pela ampulheta,
onde a lua pousava sua renda na suja rua,
a chuva corria, feliz, pela sarjeta,
toda bela, límpida, alegre, nua...
Um dia havia corações
sem dispositivos
de segurança,
havia, sim, mãos que trançavam sonhos,
como fazem com cabelos de boneca,
cachos e cabelos soltos e mil tranças...
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