De dia aprendo,
de noite esqueço,
em sonho entendo
que desaprender mereço
das coisas que do caminho nos tira,
um passo em falso, o abismo,
o acerto, o alvo perfeito na mira,
com a beleza mais bela cismo...
Como estátua de molde infinito me esculpo,
troco rostos e caminho dentro da mesma multidão;
sei-me ser que ama e por isso não me culpo
pelo nascimento da culpa e da solidão...
Ao amanhecer, quando de novo nasço depois de sonhar,
recolho os vestígios de quem fui e sei que nada me falta;
pertenço à espécie que se muta e nunca se põe no altar,
nem por isso experimentar a vida torna minh'alma casta...
|