A escritura de um pedaço de terra
não é como a escritura de um pedaço de corpo,
as pegadas de um homem que passa
não são como arames estendidos,
a terra com seu ventre aberto não é materno,
avisos para que não passem dali
não impedem a imaginação,
o direito primordial está estampado
na evolução da raça,
o que o homem fez foi marcar seu território
como os cães,
foi expulsar pessoas como fazem (inadvertidamente)
aqueles que querem expulsar
demônios de um corpo,
um caminho não é propriedade
de só uns pares de pés,
cada estrada, depois de criada,
de peregrinos,
cada nota solta no ar precisa de ouvidos abertos,
cada sino precisa soar antes que escureça de vez...
. . .
O homem que se senta ao pé do fogo caseiro
e lê seu poema preferido poderia
ser pintado por alguém
que julga ser aquele que vai revelar
olhos do presente
a imagem perfeita do tempo de agora,
mesmo que seu poema lhe diga, incessantemente,
que estamos precisando fazer um acordo com Deus,
que precisamos ter uma conversa com o Diabo,
que esse poema seja a salvação por ser bonito
e conter em si a perfeição que havia no Éden
antes que houvesse a partilha
entre carne e espírito...
Nascer e pertencer à vida
não nos dá o direito de julgar o homem
e suas propriedades,
nem nos fazem os mais corretos
e nem os escolhidos
para separar, infinitamente,
o joio do trigo...
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