Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O grande caderno azul - XIV
R.N.Rodrigues



XIV

Manhã chuvosa e fria. A garganta voltou a irritar. Minha cunhada na labuta diária de lavar a sala de computador. As chuvas chegaram e com ela os maus negócios. Minha cunhada com sempre brava e irritada com a malemolência de Larissa, essas divergências são cotidianas. A chuva aumenta e me preocupo com a oficina, as rachaduras e outros pesadelos. Balzac vai comigo para depois de cortar os ferros das grades acompanhar o drama da bela Esther e Rubempré, e a paixão doentia do velho banqueiro Nucingen e a esperteza de Padre Herrera/Vautrin/Collins - o anti-herói.

Mas tarde na mesma manhã nublada - O poeta descansa depois de sua incessante luta para cortar os ferros. O céu continua encoberto, não chove, como de manhã em pingo miúdos. Além da velha dor ciática que o sempre o acompanha, agora tem o fantasma latente da fome que ronda a Casa Bamba. Os recursos escassearam, a fonte secou e teremos que sobreviver por conta própria. Eu faço o que posso, mas me preparo para o pior.. As gambiarras não parecem, o açúcar acabou (minha cunhada mandou Larissa telefonar para Sara levar um pouco). Um clima ameno. Um casal de cachorro passam tranquilamente.Para amenizar a fomizinha bebo agua. Lembro-me de um colega de Professor que dizia quando estava com fome, bebia agua e dormia para o dia passar mais ligeiro. Recordo-me também do livro "Fome" do Nobel sueco Knut Hamsun, andando pelas ruas de Cristiania delirando de fome (pedi emprestado na Biblioteca Publica em 1980). Um carro da Blitz Urbana, o medo deles interditarem a oficina por causa das aparentes rachaduras. O amigo de Gordinho vem me cumprimentar. Fecho os olhos e imagino a situação caótica provocada pela ausência de alimento, a que mais vai sofrer será a pequena Larissa, e os bichos de minha cunhada latindo e miando dia-e-noite, a vizinhança metendo a lenha. Ocorrência funesta nos espera, vou virar uma caveira ambulante - um futuro humilhante para a família Bamba.
- Dez e meia - Disse-me um cidadão desconhecido parado no meio da calçada olhando para o pulso.
A agua secou e não quero apanhar na casa de ninguém, esta virando abuso. Vamos ler.

Quase meio-dia de uma manhã nublada, o sol apareceu, mas escafedeu-se rapidinho por trás das nuvens carregadas. O jumento de Seu Dracula zorrilha e o poeta lendo com gosto e admiração o grande Balzac e as entranhas do sub-mundo parisiense do século XIX - O mundo balzaquiano em todo seu esplendor, somente uma mente criativa de um grande romancista poderia criar um trama tão intrigante que prende atenção do leitor num linguagem rápida e acessível. A tarde Dickens e o seu maravilhoso mundo na inglês.

Começo da tarde - 12;40 - Pra complicara situação Danielzinho traz sua companheira para passar o dia. Mas é assim mesmo. Problemas conjugais do casalzinho, a fome rodando. Sarinha traz uma coleguinha para assisti um filme. Queria comprara alguma coisa fiado no Seu Raposo, mas temo que ele recuse a me vender e não quero passar por esse vexame. O helicóptero do GTA faz um voo rasante sobre a vila. Agora faz um pouco de calor. Danielzinho vem buscar a sua companheira que esta gestante de seis meses. Os problemas bambinianos de sempre. A garganta volta a inflamar e de vez enquanto cacarejo para expelir algum fluido.
- E que Kia se eu te dé um livro, tu vai ler? - Perguntou Larissa inocentemente para a conjugue de Danielzinho que conversa com o Patriarca no quarto.
- Se não for muito grosso.. - responde ironicamente.
- Não, não é muito grosso.
Larissa levanta-se do sofá, toda saltitante e vai ao quarto dela apanhar o suposto livro. Assisto um pouco de tv para relaxar um pouco. Fui comprar três reais de cigarros para minha cunhada que deu-me uma cédula de vinte reais.
- Foi Sara que me deu para comprar não sei o quê para comer amanhã - Explicou-me diante da minha cara de surpresa ao ver a cédula na mão dela. (continua)

O


Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
Número de vezes que este texto foi lido: 55556


Outros títulos do mesmo autor

Romance O primeiro caderno vermelho - o livro francês 9 R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno vermelho - o livro fancês - 6 R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno vermelho - o livro francês -3 e 4 R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno vermelho - o livro françês - 2 R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno vermelho - o livro francês 1 R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno amarelo - XX a XXIII R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno amarelo - XVIII a XVIX R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno amarelo - XVI a XVII R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno amarelo - XIV a XV R.N.Rodrigues
Romance O primeiro caderno amarelo - XII a XIII R.N.Rodrigues

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 171.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Minha Amiga Ana - J. Miguel 63035 Visitas
O DESAFIO DA INCLUSÃO - Simone Viçoza 60722 Visitas
A Importância da Educação Digital no Ensino Fundamental - FERNANDO JUNIOR PEREIRA 60624 Visitas
Os Hackers, os Crackers e Nós - Max Bianchi Godoy 60460 Visitas
🔵 Noite sem fim - Rafael da Silva Claro 59379 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 59346 Visitas
🔵 Só se vive uma vez - Rafael da Silva Claro 59121 Visitas
Sete sugestões úteis para advogados: - Professor Jorge Trindade 59094 Visitas
🔴Madonna de areia - Rafael da Silva Claro 58934 Visitas
O CONTROLE É SEU - Vinicius Pereira Brito 58826 Visitas

Páginas: Próxima Última