Eis-me aqui, poesia,
a entregar-te a noite que há em meu dia,
a palavra que exalo é a mesma que o falo
à vida envia em seus cromossauros
de perdida agonia,
espasmo de espanto,
recriada vida, no entanto,
agônica melodia...
Eis-me aqui, poesia,
soldado de vã prosopopeia,
letras da mesma colmeia,
a esculpir desejos em corpos de nuvens,
a retirar os cravos das cruzes
no alto da montanha,
a retirar os versos
banhado, submersos,
cheios de amor e perdão,
das minhas entranhas...
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