Eu sei, eu sei, eu também vi a lama,
mas também vi que havia chamas
nos olhos de alguém que queria ser feliz...
Vi carruagens com anjos descendo colinas,
luzes incandescentes iluminando trites olhares,
vi chegar aves douradas pousando sobre os mares,
a delicadeza de uma flor de lótus como sorriso de menina...
Sei, sei que me falará dos lobos
escondidos nos becos,
que mães já não choram, tem seus olhos secos
depois que seus filhos abandonaram a honra,
que se esconderam sob o capote do medo,
se misturaram ao negror que lança a sombra...
Mas vi espadas de fogo decapitando monstros
que urravam e que outrora espalhavam terror,
vi a força da imaginação escrevendo
poesias e contos,
no pântano do desespero brotava
a lúdica flor do amor...
Vi a mão da paz limpando faces mudas como pedra,
homens e mulheres compondo odes
e trabalhando a terra,
vi, enfim, o pastor ensinar
com paciência como se doma feras,
vi, com esperança, a raça humana crescendo, feliz, sobre a esfera...
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