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A que ponto chegamos?
Matheus Lima

A que ponto chegamos, humanidade? Ainda há alguma humanidade, humanidade? Julgar se tornou o novo opinar, respeito tornou-se a mais nova espécie em extinção. Não se pode mais defender uma causa sem ofender outra, não é possível mais defender seu ponto de vista sem discriminar o do próximo.
Se uma pessoa exterioriza seu pensamento, é rebelde anarquista egocêntrico egoísta. Se a pessoa é neutra, é um zero à esquerda que não se preocupa com os problemas do mundo e da sociedade caótica em que nos encontramos. Se alguém aborda uma questão de maneira séria e eloquente, ninguém liga e diz que o mundo não precisa de textos. Se um humorista faz piada, é processado. Se um policial mata um bandido, é preso. Se um político rouba, é jogo do Brasil logo após a novela. Tragédia e corrupção? Que isso, o carnaval ta logo aí! Se você acredita em Deus, é desinteligentemente clichê sem formação. Se for ateu, é modinha. Se se preocupar com seu corpo, é narcisista obcecado, inane sem cérebro. Se não ligar pra barriguinha de Chopp crescendo, é um porco gordo comedor de bacon, que vai morrer de câncer, mau exemplo pros filhos. Se você gosta de Rock, é do diabo satanás, estranho dos infernos. Se você curte sertanejo, é corno ou caipira, ou um caipira corno. Se toca um pagode, é neguinho ex-presidiário cervejeiro comedor de churrasco na laje. Se você gosta de funk, fazer o que. Se se posicionar a favor da maconha, é bandido vagabundo. Se for contra, é preconceituoso discriminador acatador de estereótipos. Se for neutro, é um zero à esquerda que não se preocupa com os problemas do mundo. Se falar bem do governo, é porque também é corrompido, ou um político corrupto (que redundância!). Se falar mal, é Maria-vai-com-as-outras. Se for neutro...bem, você já sabe. Vamos homenagear os mortos em Paris? “Não! O Brasil já tem tragédias demais pra se preocupar com outros países! Seu falso solidário”. Vamos ajudar as vítimas em Mariana? “Você só pensa em você e em seu próprio país, né?! E o povo de Paris?! Seu desumano.”
A verdade é que tudo virou motivo pra ódio gratuito. Não há possibilidade em qualquer coesão de pensamentos. Estamos na sociedade do contra. Atacar o ponto de vista do vizinho se tornou o melhor argumento.
Não há egoísmo maior do que pensar que sempre se está certo. Se cada um fizesse o seu e deixasse o outro fazer o dele, não haveria briga pra ver qual morto merece homenagem, qual necessitado merece atenção. O “fazer o bem sem ver a quem” se tornou “fazer o bem se ele me fizer também”. Enquanto o “eu” estiver acima do “nós”, eu, tu, ele, nós, continuaremos a ser apenas mais um indivíduo duma sociedade alienada, que só preza a ganância individualista na bondade, ignora a verdadeira crueldade, desonra o título de humanidade.


Biografia:
Matheus Moura Lima, 19 anos, paulista, agora residindo em Minas. Penso, logo escrevo. Escrevo, logo vivo.
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