Você procura em toda casa onde está,
revira, escarafuncha, rasga o sofá,
sobe na escada e procura no forro,
sabe que não adianta pedir socorro...
Liga e pede ajuda que sabe que não virá,
as linhas estão ocupadas, aturdidas,
os bombeiros dormem dentro do mar,
estão de férias os entregadores de comida...
Sai no quintal e vê o céu cravejado,
imensa é a vontade de gritar ao vazio,
sabe que o que tem por muito procurado
vive dentro de um lugar quente ou frio...
Volta-se e procura pelo Paraíso,
tenta achar as pegadas de Ariadne,
mal encontra o seu velho juízo
sabe que o que tem no cofre nada vale...
Ultrajado pela falsa ciência moderna
descobre que tudo sempre esteve à mão;
bastava se debruçar sobre a cisterna
onde mora e vive seu valioso coração...
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