Desço do edifício mais alto criado
e chego ao chão sem sentido...
Onde perguntas não são feitas
e se feitas não são respondidas...
Onde o inseto invade a varanda
e zanza num mapa nada geográfico,
onde a mulher ajoelhada reza diante da orada,
onde as cores se misturam mal chega a madrugada,
onde lambe os beiços o homem que ama
misturado à memória da cama...
Chego aonde todas as coisas estão,
pulsações perdidas de amoroso coração,
restos de passos enviados por nautas
de planetas remotos,
se gosto gosto, se toco, toco,
a poesia se faz com restos
de sentidos avariados
criando o edifício de sensações,
amores experimentados...
Perco o resto de humanidade
perigosa e inconsequente,
torno-me o animal de prazer sem Tanatos,
cubro-me de folhas e espero a presa
para por entre os dentes
o gozo que me levará à Shangri-Lá,
do outro lado do tato...
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