Por quê dar tanta importância
a tantas coisas que só serão lembranças
daqui a alguns anos?
Na hora da compra
o sapato era a vestimenta exata
para o pé de pata,
a blusa escondia com maestria
o seio esquerdo maior um pouco,
ou só teu homem via
e por ele era louco?
Por quê pensar na fusão das Américas
se os bolivianos nem emprestam suas drogas,
a única coisa igual entre nós é a Coca-
Cola, que bebemos como servis ao consumo,
semi-índios que somos,
nautas sem prumo?
Por quê crer que há um pacífico condomínio
depois das nuvens de chumbo,
já que lá encontraremos nossos assassinos,
lá estarão os nefastos de toda a humanidade,
teremos que conviver como se fosse verdade
essa história de paz entre os homens,
como se tivéssemos superado a fome
de nos devorarmos em um banquete,
desde Nero, desde que a Bíblia foi escrita,
depois dessa invenção do Gênesis?
A vida, por acaso,
é o maior caso de acaso
já encontrado dentro dos confins sem fim
do universo,
por isso reverência à inconsequência
e caos
humildemente presto...
|