Lago o corpo nas mãos do rio,
já nem sinto calor, nem frio,
só ouço a promessa do vento
que conversa com o tempo...
Fui, na vida, tantas coisas,
as que quis e as que não,
eis-me aqui a entregar meu coração
como o sol nos entrega sua luz...
Já não mais interessa
sentir um só instante de pressa,
as coisas estão onde estarão amanhã,
modificadas, ruínas, estátuas vãs...
Desço na correnteza que me leva,
só sinto o frio que abraça, feliz,
ao sonho de me despertencer entrega
minha alma, como eu sempre quis...
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