Nasça, poesia,
pois já nasce o dia
do homem se calar;
já não dirá peixes
pois perdeu a palavra mar...
Faça, poesia,
como faz todos os dias;
exploda em centelhas de partículas
contaminando a nossa pobre vida
conceitual:
o homem pensa como cérebro
e age como animal...
Diga, poesia,
como tem feito a séculos,
através da carne dura dos poetas;
seja-nos melodia
ao canto reinante,
incrédulo,
cético,
inconstante...
Não nos abandone agora,
pois sabes que nossa ampulheta
já perdeu a hora...
|