Do aço guardo as marcas,
as linhas que a dor traça,
o furo por sob a barca,
a enferrujada carcaça...
Do amor me lembro pouco,
que um dia fui louco,
gritei teu nome na rua,
quem me ouviu?...a lua...
Da solidão me lembro tanto,
a janela a espalhar o pranto,
o lenço de papel,
o gosto de fel...
Do medo me lembro bem,
a rua deserta, luz baça,
será que ela vem
ou mais um gole de cachaça?
De mim me lembro agora,
passei a vida amando,
por isso são poucas as horas
que passei esperando
o grande amor que viria à mim,
sabias-te perto pelo som do coração,
quem não ama sabe que o fim
será apenas um verso escrito no chão...
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