Não seja ingrata...
Ame à farta,
feito fantasia,
como se tua vida fosse a poesia
escrita à mão no chão do céu,
anjos a lessem antes de descerem à Terra,
te vissem, linda, sob o véu
das coisas mundanas,
tão bonita,
a derramar mel
com tuas mãos tão brancas...
Que rode o mundo sua insensatez
feita pelos homens que o universo fez
para criar e mover engenhos celestes;
que rode a engrenagens seus dentes,
que roa a corda da sanidade e vença
a loucura;
a vida, tão bela, nos seja tudo,
de repente, a clara estrutura...
Não nos deixe em paz, amor,
que corte o nosso caule e permaneça a flor
aberta a insetos e delicadas borboletas,
seja ela tão linda
e que ame a todos, ingrata,
nós, perdidos índios nessa estranha mata...
|