Talvez seja essa fome
de máquinas e liquidificadores,
de matar a fome com sanduíches químicos,
talvez seja esse televisor vendendo peixe podre,
talvez o furo no odre,
perdeu-se o vinho,
talvez seja o gás da ganância
envenenando toda e qualquer instância,
talvez o furo na alma
por onde o espírito escapou,
ou talvez seja essa maldita avareza,
guardar em casa a parte nobre da nobreza,
ou talvez não seja nada disso,
a máquina que transportava o amor
teve um pequeno enguiço,
deixou o homem na mão,
talvez fosse o anjo de traje preto,
o buraco nas nuvens,
ou, nada disso,
Deus, quiçá chateado,
tenha tomado um chá de sumiço...
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