Dê-nos uma direção, homem das máquinas...
Estamos tão absorvidos
em reproduzir a matéria
que esquecemos o rumo de nossas trágicas
vidas, ocupadas em perpetuar a miséria
aos que não possuem o foco mecânico
e pensam, apenas, em onde está a comida,
que lhes dá força como a um crente
um cântico que lhe salve a vida...
Olhamos o céu, achamos que está lá em cima,
olhamos do lado e pensamos ter achado
a direção que todos devem seguir;
assim seguimos como pobres rimas
de versos que andam tão ocupados
que já nem saber o que esculpir,
se um totem a um deus furioso
ou uma estátua a um grão-vizir...
A casa no fim da cidade
tem uma lâmpada acesa e muitos olhos
procurando enxergar a verdade
no meio da escuridão
que até se esquecem de arar a terra
e capinar o chão...
O tempo, que nunca morre
e não se deixa matar,
aos ricos socorre
enquanto houver luar,
aos pobres espia
vendo-os a ver
o tempo passar...
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