Um dia,
ainda que mais tarde do que queira, chegue,
nesse dia usarei o cajado da bondade
e a vara de amansar loucos,
cantarei tanto até ficar rouco,
não terei mais visões sobre um país adormecido,
atirarei pedras até que se quebre
seu teto de vidro,
arrastarei pela estrada da certeza
os que duvidam da existência do amor,
os deixarei pálidos, sem cor,
um dia, quando o dia for eterno como hoje,
estarei à beira do poço a chamar a todos,
a corda do céu à terra estenderei,
ainda que um resto de noite me congratule
por estar a um passo de desmoronar
o palácio onde nunca fui
e que existe
para o que nunca serei...
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