Me ensinem a língua que falam
atrás dos altos muros,
até que a liberdade me reconheça
e me ponha para fora dos círculos fechados,
faça com que eu morra quantas vezes
forem necessárias,
só quero mais do que tenho por ora,
muito para o ontem,
pouco para o que tenho agora...
Que os assaltantes roubem meus relógios,
o tempo do escuro passou e tudo está tão claro
que posso ver dentro do aço o coração batendo,
posso sentir a terra girando,
a lua em movimento,
posso ver depois das paredes e nem sou herói,
nem super, só sinto que posso vislumbrar
a manhã que nasce sem nenhum drone
a me observar,
mais que isso, posso dizer a verdade e mentir,
pouco importa, não creio em mais nada,
nem em dar, nem em querer,
nem em ter, possuir,
nem no silêncio,
nem na palavra...
A pele foi feita para filtrar cada olhar,
feita foi para receber o chicote e aguentar,
o que não é mais possível é rir e rir e rir
e depois de tudo ainda querer chorar...
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