FOLHA DO DIÁRIO DE HEITOR
Eu realmente não sei o que vou fazer de agora em diante. Simplesmente não sei. É claro que eu estou feliz á beça pelo bebê que virá, porém, não deixa de ser uma responsabilidade. Por alguns instantes, olho fixamente para as duas mulheres jovens a sala.
Primeira Mulher – minha mulher, Estela; ela pula de felicidade, seus olhos realmente brilham ignorando a reação dos demais na sala de jantar.
Segunda mulher – Camila; ela simplesmente parou no tempo. Empalideceu e fico ali parada como uma estátua. Logo depois pediu gentilmente – o que não é da natureza de Camila – para se retirar.
FOLHA DO DIÁRIO DE CAMILA
Quando ouvi a notícia da gravidez, eu mesma quis mata-la. Ali mesmo, como minhas próprias mãos. Simplesmente a odeio como nunca odiei ninguém. Tirou de mim o que eu sempre quis. Heitor. Arruinou ate mesmo meus planos para mata-la.
Até mesmo dos meus planos ela se safou!
Empregadinha de bosta!
Mas eu não costumo desistir do que eu quero. E não vou desistir.
É muito simples o que farei. Ou melhor, é simples e ao mesmo tempo complicado. Uma via de mão dupla.
Esperarei o bebê nascer e depois executarei sua querida mamãe.
Um falso acidente de carro é o que preciso e será suficiente. Mata-la em uma pancada será fácil demais. Vou correr risco naturalmente, mas prefiro apostar que vencerei a fracassar e depois ainda continuar viva para ver meu próprio fracasso em pessoa.
Pensei a noite inteira, querido diário, e tomei a decisão de seguir com meus planos.
Nove meses é tempo suficiente para mostrar á empregadinha de beira de esquina que eu posso me controlar, enquanto vou executando meu plano e por fim triunfar.
Talvez, querido e assombrado Diário, você imagine que pessoas como eu não existem entre frases mal acabadas e promessas não cumpridas, no entanto a verdade é que para se conseguir o que quer devemos pagar um preço seja ele qual for.
O meu preço já está marcado e circulado em uma folha qualquer. Compra-lo não me custa muito, porque de caro entre preços altos, só minha determinação de ir até o fim é o suficiente para quitar minha dívida.
A outra dívida eu irei ver quando eu morrer e for para um lugar quente, abafado e mal frequentado. Sé é que me entendem!
Escrevo aqui minha música predileta. A amo. Perfeita comigo.
Música de fundo para um plano brilhante;
Você esqueceu um detalhe
Não finja que não percebeu
O acaso falou o seu nome
Pensando no meu...
Não olhe pra mim
Com essa cara
Você ainda não entendeu
Eu nasci com o direito
A ser dona de tudo que é seu...
Eu tenho em minhas mãos
Esse contrato assinado
Com sangue derramado em papel
A chave é a escritura
De um palácio no inferno
Por um quarto e sala no céu...
Você já conhece essa lenda
Não finja que você não leu
Você anda cruzando demais
Seu caminho no meu
Não vejo motivo prá espanto
Há tempos que a lei é assim
Você só vai ganhar esse jogo
Se perder pra mim...
Eu tenho em minhas mãos
Esse contrato assinado
Com sangue derramado em papel
A chave é a escritura
De um palácio no inferno
Por um quarto e sala no céu...
Você quer vender, sua alma?
Você quer vender, quanto quer?
Você é dos meus, da minha laia
Então faça seu preço
E depois pague pra ver qual é;
Qual é?
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