Parte Dois
Com passos uniformes e consecutivos corríamos a uma velocidade absurda. Meus pés ao simples toque destroçavam pedras, meus olhos fitavam a frente pronta para matar. Transformar-me na máquina destruidora que fui criada.
Em uma extensa área com plantas rasteiras vampiros esperavam prontos para o combate, mas os que permaneciam parados na grande área eram nossos aliados. Junto com eles estava Ryan, eu e os outros vampiros partimos por último e deixamos outros de guarda perto do acampamento improvisado, o terceiro grupo partiu primeiro.
Aqui, eu e Ryan não podemos deixar que os outros soubessem o que nós temos. Não posso arriscar que eles encontrem motivo para executa-lo.
De repente eu sabia que era o momento, era a hora de prestarmos atenção em absolutamente tudo. Estava na hora do massacre. Corpos mutilados e queimados com certeza seria a maioria dentre todos.
- Á sua direita – me informou um vampiro louro. Rapidamente virei para a direita e arranquei o pescoço de um vampiro jovem, ainda mais do que eu.
Olhei hesitante para o vampiro louro que havia me alertado enquanto minhas mãos estavam ocupadas com braços dilacerados de uma mulher que me atacou diretamente. Agradeci e segui em frente, mas outro tentou derrubá-lo eu o ergui e depois afundei seu crânio e separando-o do resto do corpo.
- Ah... Obrig... Esquece. – O vampiro louro disse. Nesse momento não há porque agradecer muito.
Tentei ver o que estava acontecendo com Ryan, e o vi mutilando dois corpos de uma só vez com seus dentes ferozes e com sua rapidez digna de um vampiro. Ele sorriu para mim rápido o suficiente para que eu pudesse devolver com uma simples piscadela.
A única coisa em comum como os heróis, é que nós matamos porque precisamos e porque não há alternativa quando se é um vampiro. Eles precisam matar para salvar e porque não há alternativa quando se é um herói. Os vilões são bem mais respeitados e temidos. O medo que os cerca e os aprisiona é de que no final eles não serão os vitoriosos. E realmente não seremos.
Braços dilacerados, corpos jogados completamente incinerados, trocos sem cabeças e quaisquer partes que um dia formaram um todo. O combate chegara a seu fim. E o nós ganhamos, estranho porque não há vitoriosos...
Outros passos leves, na verdade, muito leves estão vindo ao sul. Não podem ser vampiros. Nós costumamos fazer mais barulho do que isso.
Mas eu estava errada são sim vampiros, porém uma espécie completamente distinta.
- Ajoelhem-se perante seus metres! – uma voz autoritária e firme ordenou.
Ninguém se moveu.
- Estão surdos ou perderam o único resto de sanidade que ainda possuíam? – ele continuava com sua voz firme e extremamente mandona.
Muitos partiram para o combate, mas antes de erguerem as mãos para mata-los, os nossos antigos aliados – não todos, apenas um pequeno grupo -, já estavam caídos no chão cercados por chamas horríveis.
- Não podem conosco, nem mesmo um exercito dos seus podem! Ajoelhem-se eu estou ordenando! – ele lançou um objeto estranho contra uma árvore com o troco comprido que imediatamente se rompeu e desabou. Foi então que identifiquei o objeto; era um crânio.
Todos se ajoelharam perante os de manto preto. Temendo-os como nunca.
- Vou dar-lhes uma pequena amostra de nossa benevolência... – ele ergueu sua mão direita indicando com o dedo um rapaz. – Venha até mim!
Meus pés novamente perderam o equilíbrio perfeito, e se eu ainda houvesse um coração, essa era a hora de ele se manifestar em batidas violentas e o sangue sumir do meu rosto. O rapaz convocado para se ajoelhar perante o vampiro autoritário era Ryan. Estava nítido o que ele iria fazer com Ryan e eu mesmo que pudesse ser morta não deixaria isso acontecer.
Antes mesmo de Ryan chegar a eles eu o impedi segurando firme seu braço. Ele olhou com surpresa para mim, mas eu não iria recuar.
- Foge! Vai rápido! Talvez eles perdoem sua desobediência. – seus olhos suplicava para mim que eu corresse, fugisse dali o mais rápido que eu pudesse.
- Oh... – disse o vampiro autoritário. – Que corajosa esta vampira recém-criada. Talvez queira morrer juntos...
- Não mate eles, por favor, eu suplico! – eu quis dizer várias coisas, dezenas de milhões de motivos para não matarem o amor da minha existência, mas a sentença já estava dada eles o matariam.
Afundei completamente na lama das minhas lembranças. Mas elas eram limpas e nítidas como água cristalina. Tudo era perfeito, a riqueza de detalhes ajudava a ver aqueles momentos que eu iria deixar para trás.
O beijo, quando nós nos conhecemos... E o mais proeminente de todos; o seu toque. Tudo.
Foi ai que sobre a rápida passada do tempo eu disse o que era a mais pura verdade de toda minha existência. Ele aprendeu a bater... Por ele. Por Ryan.
Mas ele aprendeu a amar, ele aprendeu a sentir o que lhe foi tirado. O que parou de bater. Ele aprendeu a ter um coração. Um que batesse... Batesse por mim. Igual o meu, que aprendeu a bater por ele.
- E por que nós iriamos deixar de mata-lo, hein mocinha corajosa? – sua voz era decisiva, mas irônica.
- Porque eu morro no lugar dele, eu me ofereço... – Pronto. A bomba estava detonada. Eu disse que não iria deixa-lo morrer.
Ryan avançou para me proteger, mas o braço do experiente vampiro adulto o enlaçou e prende-o.
- Não, não, não... Por favor, não! – eu ajoelhei-me e supliquei com todas minhas forças.
O vampiro soltou-o e antes que eu pudesse correr ate Ryan e beijá-lo eu já estava cara á cara com o meu destino.
Ryan tentava desprender-se do outro vampiro que o mantinha preso com os braços pra trás, ele gritava coisas como: ‘’ não faça isso Anne’’ e por último seus lábios me disseram o que eu nunca mais poderia ouvir novamente ‘’ Te amo, sempre... Sempre... ‘’
- Feche os olhos! – alguém me orientou amavelmente e eu interiormente me despedi dele.
Então eu fechei.
FIM
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