O FIM – Parte Um
Eu sabia que a eternidade para monstros iguais a mim era tão curta quanto os felizes para sempre de um humano miserável.
Eu havia sido avisada sobre tudo: as dores á princípio, os medos posteriores, completamente tudo. Eu havia sido amplamente avisada em uma gama de opções.
Mas ninguém me avisou sobre me apaixonar. E era isso que eu temia. Ter algo que dentro do meu corpo gelado ainda insistisse mesmo que parado continuar a bater.
E foi aí que eu me apaixonei. De um modo nada convencional, mas não deixava de ser amor.
Eu e Ryan ficamos sentados na campina esperando o sol nascer, esperando a paz dar lugar ao extermínio de uma forma mais completa e objetiva possível. Foi então que pensei em chorar, mas não havia lágrimas. Nem mesmo isso eu podia fazer. Chorar. Sentir a dor me apunhalar fundo e depois desabar em soluços.
Em um bilhete evidentemente improvisado em uma folha manchada e suja, dizia algo similar a uma citação de algum livro ou poesia. A folha se destaca em um tronco de uma árvore dentre milhares delas de uma imensa floresta. Que, obviamente, só alguém com uma visão perfeita poderiam distingui-lo de cascas e outros empecilhos. Retirei a folha suja e amassada e a abri:
‘’ De todas as vezes que meus lábios procuraram os seus, está é a mais desesperadora de todas com absoluta convicção. Porque ele não os encontra e seu cheiro se mistura em meus pensamentos já bastantes embaralhados. Então venha á casa que nós nos conhecemos. Espero que se lembre de onde ela fica porque do contrário saberei que você já se esqueceu do gosto dos meus lábios. ’’
‘’Ok, esse bilhete está mais extenso do que o apropriado, e sei que devo ter retirado de seus lábios duro feito pedra um sorriso hesitante – mas, um sorriso hesitante é o bastante. E não importa, sei que quando você o ler saberá o que realmente fazer para vim de encontro comigo. E isso é o que eu espero. Você. ‘’
Estou agora em uma casa abandonada. Tudo para onde olho é extremamente cinza escuro. Sobre a grande construção abandonada, á luz do luar se infiltra por frestas. O ambiente está com um silêncio perturbador. Mas, quando realmente espero o som se espalhar por todos os lados, escuto apenas um objeto se deslocando e logo percebo o que é.
As mãos frias de Ryan me pegam e seguram os dois lados do meu rosto prendendo e me sustentando com seu olhar. Antes que ele fizesse com que eu me lembrasse do gosto mais inesquecível de todos. O do seu beijo.
Aparentemente, seus lábios continuavam a serem os mesmos. Mas o modo como os movimentava nos meus era como se resumido em palavras me dissesse o adeus do modo mais abstrato possível em toda sua amplitude.
- Eu não quero me despedir... – comecei.
- Mas quem esta se despedindo aqui? – ele disse.
- Você esta... - Tento dizer, mas a voz falha novamente. Encho só pelo costume os pulmões inoperantes e tento outra vez. – Eu preciso de você mais do que você de mim... E isso é a pura verdade. Você pode sobreviver sem mim, mas eu sem você...
- Você consegue sem mim, eu sei disso. Você é a vampira mais teimosa e medrosa que eu conheço. Mas é forte o suficiente para matar qualquer um que se meter no seu caminho Anne!
– Se matar a mim mesma conta, então eu sou forte! – eu murmuro, porque falar nitidamente realmente é difícil apesar de que ele ouvirá tudo que eu disser num simples chiado.
- Não diga mais nada, isso de jeito nenhum é uma despedida. – Ryan simplesmente disse. Seus olhos brilharam e eu sabia que isso era uma despedida, mas sem propriamente o mais relevante: o adeus.
Seus lábios tocaram suavemente os meus arranhando a superfície do meu medo e dilacerando o meu coração. Ele deixou meus lábios e se encaminhou para um lugar aparentemente vazio e eu o segui. Ryan estava já sentado em um piano pronto para tocar quando sentei ao seu lado e a melodia começou a ecoar no imenso espaço que nos rodeava.
Sua pele extremamente branca e seus lábios levemente rosados se contorciam enquanto ele cantava a música. Desta vez eu realmente quis beijá-lo, segurá-lo junto a mim. Mas, isso não era possível porque nós temos um combate longo de manhã e tudo nos direcionava para a luta essa inevitável.
Seus dedos simultaneamente com suas palavras adocicadas eram como fogo queimando em pingos rápidos e consecutivos. Eram com os espinhos de uma linda rosa: feriam. Não á minha parte física, mas a parte pela qual sabia o que era amar.
Por um único segundo eu congelei o tempo, então as lembranças vinham. Absolutamente tudo era claro demais para mim. Talvez até sem importância se eu for destaca-los. Entretanto, apenas um ficou cravado de um modo especial em minha memória: a noite que um casal de humanos, namorados obviamente, seguia felizes para certo lugar.
Eles trocavam carícias e palavras extremamente melosas. Minha garganta estava queimando por causa da sede, muito embora eu tenha me satisfeito com uns corpos um tempinho antes. Eu quis apenas observá-los seguir seu caminho de mãos dadas e imaginar que eles nunca conheceriam a dor do adeus como agora estou prestes a conhecer.
Se despedir de quem se ama não é alternativa para um coração acostumado a amar alguém mesmo que ele esteja sem bater. Como o meu. O amanhecer rasgou o céu levando consigo os pedaços do bilhete amassado em minha mão esquerda enquanto a direita estava segurando a mão que me deixaria viva para que o resto mais importante da minha existência morresse. Ryan.
Deixa-lo morrer não esta nos meus planos.
Continua...
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