Por que muitos não gostam dos fins? Será porque eles não são a continuação dos felizes para sempre? Provavelmente sim. Mas os fins são necessários. Sem eles não existiria o porquê de ter começos. Pode não parecer, mas o fim para mim é o começo. Foi pelo simples motivo de lutar que eu fui transformada em um mostro bebedor de sangue. Este é o começo. E estes olhos vermelhos terão que estar mais alertas do que nunca porque no fim só me resta o Adeus. Para sempre.
Vampiros não deviam ter sentimentos humanos. Isto é loucura. Seria o mesmo que um humano tentasse evitar seus instintos. Mas então chego a um ponto final, nossa, são muitos finais...! O amor não é algo mecânico, é um instinto. Puro e genuíno. Então não teria o porquê de impedi-lo. Tentar freá-lo é outra loucura.
Minha memória como da vampira que sou, é genial. Lembro-me de tudo. Até mesmo dos segundos em que fui transformada. Mas antes de tudo lembro-me do rosto que se eu pudesse sonhar, veria todas as noites em meus sonhos. O de Ryan. Aquele que despertou em mim algo que a minha própria espécie me tirou: o amor.
Vendo os humanos do prédio onde estou, vejo o quanto são felizes, o quanto suas vidas normais são suficientes para eles. Um coração sem bater talvez não seja uma boa opção. Muitas vezes, na verdade quase em todas, eu duvido que meu coração não bata.
O que sinto é muito forte para que um corpo frio; forte feito mármore e gelado de princípios consiga sentir.
Mas ele aprendeu a amar, ele aprendeu a sentir o que lhe foi tirado. O que parou de bater. Ele aprendeu a ter um coração. Um que batesse... Batesse por mim. Igual o meu, que aprendeu a bater por ele.
Senti uma mão gelada na minha. Nunca desde que eu havia ganhado sentidos apurados eu deixei de sentir a presença de algo vivo ou morto. Mas eu estava pensando justamente naquele que me flagrou com sua mão gélida igual a minha.
- O que estava pensando? – Ryan perguntou.
- No seu coração! – eu respondi sem pensar.
- No meu coração? Não entendi. – ele disse e a duvida era evidente no seu olhar.
- Sim, no seu coração e como foi ele que despertou em você o amor que você sente por mim. – Eu disse temendo que ele fugisse do assunto, para que nos não nos lembrássemos da luta do dia seguinte.
- Eu te amo ainda, e sinto ainda... – ele murmurou e agarrou meu queixo – Algo que nunca ninguém vai sentir mais do que eu. Eu te amo.
- Eu também te amo!
- Tome – ele me passou uma rosa vermelha junto com um CD.
De repente tínhamos um radio para ouvir o CD.
- Desculpe, eu tive que roubá-lo. Era muito tarde para comprar um. – Ryan disse com um sorriso cintilando nos lábios.
Então ele levantou-se depressa e disse para eu fazer o mesmo.
- Pronta? – ele perguntou.
- Sim! Mas para o que? – dessa vez eu estava confusa.
- Simples, vamos dançar. – Ele docemente disse. - Primeiro aperte o Play.
- Então apertei e a música começou:
Mil anos
O coração acelerado
Cores e promessas
Como ser corajoso
Como posso amar quando tenho medo de me apaixonar
Mas ao ver você na solidão
Toda a minha dúvida de repente se vai de alguma maneira
Um passo mais perto
Eu morri todos os dias esperando você
Amor, não tenha medo
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
O tempo fica parado
Há beleza em tudo que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está na minha frente
Cada suspiro
Cada momento trouxe a isso
Um passo mais perto
Eu morri todos os dias esperando você
Amor, não tenha medo
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
O tempo todo eu acreditei que te encontraria
O tempo trouxe o seu coração ao meu
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
Um passo mais perto
Um passo mais perto
Eu morri todos os dias esperando você
Amor, não tenha medo
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
O tempo todo eu acreditei que te encontraria
O tempo trouxe o seu coração ao meu
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil
‘’- Música de Cristina Perri’’
- Por mil anos – ele disse.
- Por mais mil – eu terminei.
Nossos lábios encostaram-se perfeitamente no triunfo da mais perfeita junção de um amor. O nosso amor.
Enfim, ele aprendeu a ter um coração. Um que batesse... Batesse por mim. Igual o meu, que aprendeu a bater por ele...
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