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HAICAIS
Antônio Oliveira Pena

1.     INICIAL

No escuro da mata
— a luz, súbita e a flux,
na voz da cascata.

2.     NOTURNO

Deserto momento
da noite, em que é um açoite,
de tão frio, o vento.

3.     A ARANHA

Em sua teia trêmula,
a aranha. Hirta, tamanha,
paciente vemo-la.

4.     LIÇÃO

Natureza ensina:
o mato protege o regato
de água cristalina.

5.     PAISAGEM

Quanto o olhar se adensa,
do homem! Canaviais somem
na planície imensa.

6.     DA VISTA DE UMA PONTE

Altiva, a cascata
espuma e ruge como uma
pantera na mata.

7.     A CRISTO OU A UM REPRESENTANTE SEU

De novo ergue o cálix,
e não te importes se em vão
seja que tu fales.

8.     ESCONDERIJO

Mercenário, o sol
caustica. À serpente fica
cômodo o paiol.

9.     DE TREVAS

Tenebrosa noite.
Lá fora, o matagal chora...
O vento é um açoite.

10.     JANEIRO

Vejo um flamboyant:
pendidos braços floridos
na bela manhã.

11.     ÚNICA

Flores com que adornes
os belos, loiros cabelos,
e única te tornes...

12.     IMPRESSÕES DO SERTÃO

O ermo da mata
espessa, ávido, atravessa
um raio de prata.

13.     MOMENTO

As folhas fremem
no vento. Nesse momento,
no chão, sombras tremem.

14.     À SUA MANEIRA

Chuva torrencial.
Grasnando, a estão festejando
gansos no quintal.

15.     ARIDEZ

No chão sem o que
se ver de relva a romper,
o cacto em pé.

16.     SETEMBRO

Borboletas, tantas
— azuis, brancas como a luz —,
com que tu te encantas!

17.     IMPERATIVO

Reto proceder:
remorsos, sabe-se, e dor,
há no entardecer.

18.     GRATIDÃO

Sob este céu gris,
a preta, mas borboleta,
bate asas, feliz.

19.     ARRABALDE

Nas poças da rua
e em cada lago espelhada,
de tão alta, a lua.

20.      CAUTELA...

... Que na estrada às vezes,
da vida, em que, a toda a brida,
se vai, há reveses.

21.     RUIDOSAMENTE

Contra a penedia
as ondas batem, redondas,
— e a alma se extasia.

22.      CONVITE

Talvez que te chame
a olhar a vida a reinar,
este mar que brame.

23.      PENÚLTIMO HAICAI

Saudando o azul,
na tarde clara que arde,
balança o bambu.

24.     OUTONO

Cousa dum minuto:
desprende-se a folha, e surpreende
com o balé gratuito.

Do livro Haicais, épica & sonetos, 2011


Biografia:
Antônio Oliveira Pena, nascido em Santa Rita de Jacutinga, MG, conquanto naturalizado fluminense, precisamente de Barra Mansa, é professor e poeta. Em 1999, estreia com Poemas - Poesia da juventude e Esboço, reeditado em 2004 acrescido dos livros: O ritmo da palavra, Vertigem e Nau submersa, este último posteriormente aumentado. Em 2010, com o patrocínio da Secretaria de Cultura de Volta Redonda, publica O invólucro da noite - toda a poesia até então, a que se somam, ainda, o livro que empresta o nome ao volume e o opúsculo Recado. Também em 2010, o Grêmio Barra-mansense de Letras edita Frêmito - também poesia, seguido de Haicais, épica & sonetos, em parceria com José Fleming e Menulfo Nery Bezerra. Criado pelo poeta, o blog poetaantoniopena.blogspot.com resume o fazer poético desse autor da cidade de Volta Redonda ainda desconhecido do grande público.
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