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ESPÍRITO DE VINGANÇA - PARTE 2
PARTE 2
Marcos Damer Simas

Resumo:
Mais uma parte do conto. ele é dividido em 5. Espero que curtam. obrigado

Atravessar o oceano foi simples. Deixou a barba crescer depois de uns dias, logo após escapar do hospital. Difícil foi escapar do hospital. Deixara um rastro de seis mortes naquele mesmo dia. Além da enfermeira, havia matado três seguranças e dois mendigos na rua. Um pela roupa e outro pela marmita que comia. Michael sabia que estava fora de si, mas as vozes eram mais fortes e perturbavam sua mente dizendo:- Mate, Mate mais ainda para nós.
Ele era um policial tão bom quanto o pai, mas sua carreira havia acabado no momento que passou o bisturi na garganta da enfermeira. Ele sabia que tinha que fugir atravessar o oceano e recomeçar. Recomeçar sua vida ou a matar. Correu até o porto onde avistou uma patrulha de policiais procurando. As vozes disseram:

- Mate-os Michael, mate os dois. Eles têm que morrer!
- Droga, eu não vou matar mais ninguém, saiam da minha cabeça merda! DEIXEM-ME EM PAZ!

Os homens ouviram o grito de Michael, ele sabia que não tinha mais volta. Ele era muito mais violento que seu pai quando estava possuído. Muito mais forte, e muito mais jovem e muito mais ágil. Nunca desejava derramar sangue, porém não havia mais como voltar atrás. Correu até um galpão sabendo que seria perseguido pelos intrépidos agentes da lei, pois qualquer um que prendesse o novo assassino em série seria condecorado e promovido na corporação. Os dois virariam cervos fugindo de um leão quando se separassem. A morte Já havia depositado mais duas almas em sua conta.
Cuidadosos, os dois caminhavam lentamente dentro do galpão, com, seus coletes a prova de balas, seus ternos engomados e suas pistolas em riste.
O experiente Galon foi morto logo nos primeiros minutos, quando passava por um palanque de madeira. Michael saltou e agarrou no pescoço do homem. Disse em voz alta algum encantamento aramaico e arrancou com as próprias mãos o coração. Deu uma mordida no órgão e gritou:
- Gaspar, não fuja! Você também vai morrer! Não deveria estar aqui seu lixo!
- Eu não tenho medo de você Michael. Apareça e venha resolver isso como um cavaleiro!
Michael, já estava atrás dele e sussurrou em seu ouvido, ao mesmo tempo em que perfurou as costas de Gaspar e pinçou seu coração com a mão direita.
- O problema de vocês ingleses é esse, seu verme. Sempre desejando cavalheirismo até na hora de morrer.







Antes de sair do local, sua memória sintonizou a estação correta e então ele chorou quando vislumbrou o cenário desolador. Ele era um monstro assassino, sem coração e sem controle de si mesmo.

- Ah meu deus! O que foi que eu fiz! Porque eu não me controlo mais?! Onde estão minhas forças?! Por favor, me leve desse inferno Deus. Eu não quero mais matar ninguém!
- Você vai nos ajudar Michael, ainda não pode morrer! - Disseram as vozes.
- SAIAAAAMMM! SAI DA MINHA CABEÇA DROGA! DEIXEM-ME EM PAZ! EU NÃO FIZ NADA PARA VOCÊS!
- Seu pai fez Michael, é o seu destino!

Michael bamboleou as suas fracas e debilitadas pernas até um barco chamado Oceano Azul e disse a um homem que desatava uma corda de um pilar:

- Por favor, amigo, para onde vocês vão?
- Para a América. O que fizeram com você cara? Você está sangrado.
- Foram uns garotos. Eram seis ou sete. Você sabe como tratam pedintes por aqui. Eu preciso ir embora cara. Tem vaga no seu barco?
- Cara, sempre é bom ter tripulantes novos, mas o chefe não deve ter dinheiro para pagar mais ninguém. Sinto muito amigo.
- Eu não quero dinheiro cara, só um pouco de comida e um lugar para dormir. Nem precisa ter os dois. Qualquer coisa já serve.
- Espera ai cara, vou chamar o chefe e você vê com ele.
- Tudo bem.

Minutos depois, surge um senhor de barba grisalha, gordo e com um chapéu sobre os olhos. Olhou de relance para Michael e disse:

- Bem filho, você ouviu. Eu não posso pagar ninguém.
- Senhor, eu não quero dinheiro. Eu só não quero mais apanhar dessas gangues por morar na rua. Por favor, tenha piedade.
- Eu não sei.
- Capitão, - Disse o marujo - Ele é forte, pode ser útil na viajem, sempre temos homens cansando ou pegando doenças nos portos afora.
- Olha filho, você vem conosco então. Mas já saiba. Não terá moleza aqui. Pode pegar suas coisas e vir a bordo.
- Eu não tenho nada para pegar senhor, vou assim mesmo.
- Ótimo, suba logo, amarre um pedaço de pano nesse seu corte e ajude esse fracote a soltar as amarras. Vamos partir para Nova Iorque daqui a meia hora.

Não era comum viajar de barco nos dias atuais. Michael sabia que uma travessia assim seria como estar na sombra de coqueiros descansando, perto do que poderia acontecer se tentasse fugir de avião ou até mesmo de trem. Ele avistou o turbilhão de sirenes e de agitações de longe, à medida que o barco deslizava suavemente em direção à liberdade.


Dois dias passaram em alto-mar. Nenhum ataque de fúria, nenhuma dilaceração e mais importante, todos os tripulantes ainda gargalhavam felizes enquanto o barril de cerveja barata diminuía o nível. Tudo estava estranhamente calmo, mas os fantasmas ainda não haviam terminado sua vingança. Michael nem de longe imaginava o que o destino imposto por seu pai lhe reservava.
No quarto dia de viagem, quando a luz da lua cheia fez com que a proa do velho navio reluzisse, Michael sentiu-se estranho. Ele estava deitado em uma rede, no alojamento dos marujos, quando se levantou e correu para a brisa do mar na esperança de que fosse apenas um susto e que ar puro o trouxesse de volta para seu prumo. Um homem chamado Zack olho de vidro fumava um cachimbo escorado em um barco salva-vidas e viu tudo, ou melhor, sentiu a fúria dos fantasmas primeiro.

- O que diabos você faz aqui garoto? Está enjoadinho é? O bom e velho mar faz isso com principiantes.
- Eu desejava que fosse isso... – A ALMA MICHAEL... A ALMA... DROGAAA!!! SAI LOGO DESSE CONVÉS ZACK! – MATE ELE AGORA!

Com o bom esbugalhado, Zack teve tempo ainda de sentir suas costelas quebrando no punho de Michael. Ele estava possuído e faria outras vítimas naquela noite. Os outros homens subiram ao palco do teatro fúnebre sem saber o que os esperava e logo tiveram como primeiro ato uma carnificina jamais vista com Theodore.
     Em menos de três minutos todos, com exceção do capitão, jaziam em uma tumba flutuante. Acordado aos gritos por sua tripulação sendo morta, ele subiu correndo as escadas de acesso ao seu aposento e deparou-se com um Michael aos farrapos, sentado sobre os joelhos, com as mãos ensanguentadas repousando sobre os olhos e choramingando como um bebê.

     - Mas por Deus! O que você fez homem?
     - Eu juro que não queria... Eu tentei segurar... Mas as vozes... Eu saio de mim e apenas enxergo o que meu dominado corpo faz. Me mate por favor, acabe com isso! Eu não aguento mais.
     - Eu vou te matar desgraçado, trouxe você até aqui como um passageiro e agora isso!
     - MATE ELE TAMBÉM, MATE TODOS MICHAEL...
     - SAIAMMMMMMMM! DEIXEM-ME EM PAZ! EU NÃO VOU MATAR MAIS NINGUÉM A NÃO SER EU MESMO!

Ele levantou e atirou-se de costas sobre o imenso tapete azul escuro, riscado em vermelho que embalava o Oceano azul. Michael dera cabo em sua própria vida? A resposta era simples. Não!
Um dia depois, o barco atracou em New York Harbor, onde uma equipe da Swat já esperava com uma viatura legista e um caminhão do FDNY. A história do velho capitão não convenceu nenhum dos agentes e o homem deixou o porto algemado como um novo assassino internacional.


Enquanto era carregado, aos prantos e algemado, pelos policiais, olhou para o lado e vislumbrou a pior de todas as cenas. O espírito vingativo chamado Michael, olhava diretamente em sua direção, com um semblante cabisbaixo e tênue. Aquele mesmo do porto de Londres. O velho sabia. Aquelas mortes não cessariam sua estreita caminhada ali. Ele estava preso, Michael, apesar de em pé, respirando e com alguns machucados, estava morto por dentro.



NEW YORK CITY, 27 OCTOBER 2006.


- Cara, mais uma vez eu vou te perguntar! Porque você matou essas pessoas?
- Eu não vou repetir amigo! São vozes, são elas que mandam e eu faço. Você sacou o que eu disse playboy?
- Eu vou sacar a sua cara nessa mesa, seu filho da puta!


Michael agrediu o homem apelidado de Morte. Martelou a mesa com a cabeça do bandido como se pregasse uma tábua. Sangue escorreu do nariz do interrogado e então ele gritou:

- Para com isso cara, meu rosto!
- Eu vou arrancar os seus dentes, você é como uma das pragas que queimam imensas lavouras inteiras. Você é um câncer que mata a sociedade aos poucos seu porco!

A porta trancada impedia a entrada dos outros policiais na sala de interrogatórios e foi então que Morte ouviu as vozes na cabeça de Michael.

- AGORA MICHAEL! A ALMA DELE! DÊ-NOS A ALMA DELE!
- Mas o que é isso irmão? O que são essas vozes?
- Calem-se! Eu comando agora! – Disse Michael para o homem e para as vozes. Pela primeira vez ele poupou alguém. Ele estava no controle.

CONTINUA NA PARTE 3


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