E o tempo se faz.
Mas porque cargas d'água
só sei falar em tempo?
Quem sabe porque ele corre
feito corcel desvairado
ou pára feito breque.
Hoje ele passa devagar.
Sem barulho, sem som.
Quietinho.
Tento aguçar os ouvidos
para ouvir alguma coisa,
mas nada. Nenhum som.
De hora em hora
vou dar uma volta
no recanto.
Procuro vozes.
Não qualquer uma.
Procuro a voz do sol.
O sol que fez morada em mim
e com seu brilho e calor
me faz construir lindas canções.
O sol emudeceu.
Está lá fora passeando
pelo jardim.
E sabendo de seus caminhos,
olhando suas pisadas
no universo infinito,
sei, vai ficar uns setenta anos
neste passeio pelo jardim.
Vou envelhecer esperando.
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