Aquele que já foi um gênero musical no Brasil, anda em falta com seu público há pelo menos duas décadas nas rádios e televisões: a música infantil!
Não se trata apenas de discos ou grupos dedicados ao público infantil, que ainda existem e persistem. Nossa produção cultural e musical é tão diversa e rica que há trabalhos de altíssima qualidade no mercado atual como Adriana Partinpim, Palavra Cantada e incursões ocasionais de reconhecidos autores como Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes e até livros infantis de Humberto Gessinger e Gabriel O Pensador.
E a música brasileira desde o início do século XX dedicou páginas ao universo infantil: é só lembrar de algumas canções juninas de Luiz Gonzaga; O Palhaço Carequinha, Vinícius de Moraes & Toquinho, Chico Buarque de Holanda e Dori Caymmi (a trilha do Sítio do Pica Pau Amarelo, em que boa parte é dele e seus arranjos geniais). O disco dos anos 50 e 60 trazia histórias infantis dramatizadas com trilha incidental de Radamés Gnatalli.
Mas houve um momento entre o final dos anos 60 e início dos anos 70 e que durou até o início dos anos 90, que com mais ou menor qualidade, notou-se uma espécie de movimento que integrava o rádio e a televisão. E havia muitos compositores, intérpretes e gente da televisão se dedicando ao mundo infantil. Isto deu forma a esta espécie de movimento e o cardápio era o mais variado possível: havia gente grande escrevendo para criança e havia criança comandando programas e grupos musicais.
Só para lembrar: na década de 70 a televisão mostrava o Sítio, a novela Meu pé de laranja lima, Vila Sésamo e Daniel Azulay, por exemplo. No rádio, se ouvia as canções dos musicais de Chico Buarque e Vinícius de Moraes & Toquinho. Em 1978, foi lançado "Mônica e Cebolinha no mundo de Romeu & Julieta, um disco com história e canções para as crianças.
Nos anos 80, o diretor Augusto César Vanucci levou estes musicais em forma de especiais para a TV: A arca de Noé, Plunct Plact Zum, Casa de Brinquedos e Pirlimpimpim em canções escritas por nomes significativos da poesia e da música nacional, como Paulo Leminski, Guilherme Arantes, Raul Seixas, Moraes Moreira, Toquinho & Vinícius de Moraes.
Também nos anos 80, surgiu o programa infantil A Turma do Balão Mágico (Simony, Fofão e sua turma de amigos) que logo se revelou um fenômeno de audiência, com crianças falando para crianças de todo o Brasil. Ali foram lançadas canções (versões de Edgard Poças para canções infantis de outros países e depois canções escritas especialmente para o grupo) que até hoje povoam o imaginário popular nacional: É tão lindo!; Somos amigos; Superfantástico; Ursinho Pimpão...
Ali se revelaram: Simony e Jairzinho. Dali, a inspiração para outros grupos como Os donos da Terra e Trem da Alegria. Neste último, talvez a maior revelação musical saída do gênero: a excelente e sempre discreta cantora Patrícia Marx.
A Turma do Balão Mágico durou poucos anos e surgiu em 1982. Nos anos seguintes, a produção musical e televisiva ficou menos encantadora e mais pasteurizada. E depois, foi desaparecendo da grande mídia. Mas temos que aplaudir iniciativas como o Palavra Cantada e o Pequeno Cidadão, que trazem um enorme sopro de esperança aos ouvidos de filhos e pais.
O fato é que este marco popular chamado Balão Mágico foi há 30 anos!
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