Eu que pensei
viver cem anos
em apenas um dia
descobri que
quem vive assim
envelhece o corpo
e a alma morre
por viver demais.
Agora sou
pássaro sem asas,
todo depenado,
ferido, magoado,
vivendo no não.
Não posso mais vagar
e nem navegar
só resta andar
manco pelo chão.
Não percebi as marcas
do tempo em cada dez anos
que vivia alada,
percorrendo trilhas
em meu interior.
Quando dei por mim
tinha mil anos
e ninguém quer
ave cansada e acabada
que só vive no chão.
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