Encantava-se com o mundo.
Quando bem jovem, via no trivial a poesia.
Levou pra si tal essência,
continuando com esses olhos na adolescência.
Numa agitada manutenção interna crescia,
em meio a Shakespeare e filosofia.
Mas o mundo era tão grande,
as pernas tão limitadas,
que todas suas concepções foram adiadas.
Às primeiras décadas chegou,
mas a maré do tempo o desviou,
desalinhando.
Pensando, pensando e pensando.
Tinha os olhos da adolescência,
mas ainda que com clara consciência,
a estagnação estendeu para a senescência.
Não notou que esteve sempre sentado.
O ser ruminante tornou-se vagante preocupado.
Passível de tantas escolhas,
já ao fim da caminhada,
entre o ser e o não ser acabou sendo
nada.
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