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A CASA SEM ESPELHOS
EMANNUEL ISAC

Resumo:
Um grupo de amigos conhecem novos vizinhos que acabara de se mudar para a rua em que moram. Ao serem convidados para conhecerem a casa de seus novos vizinhos, acabam descobrindo que eles foram incluídos em um jogo de vida, ou de morte...

A CASA SEM ESPELHOS


          A vizinhança toda queria saber qual o motivo daquela casa no final da rua Philladelphia, estar sempre fechada. Seus moradores, pouco saiam e quase ninguém sabia nada sobre eles. Seu Juca, um morador antigo daquele bairro, dizia que nem lembrava mais quem era o dono daquele imóvel velho e mal tratado pelo tempo.

          O fato era, que os garotos viviam se desafiando para ver quem tinha a coragem de invadir a casa. Uns diziam que tinha coragem, outros pagavam pra ver, mas nenhum deles se aventurara ainda a tal feito!

          Certo dia chegou naquela rua, um novo morador. O caminhão de mudança parou no nº 171, justamente em frente a casa mais comentada do bairro; primeiro saiu um homem que aparentava ter entre quarenta e cinco para os cinquenta anos; depois, uma senhora na mesma faixa etária; dois rapazes entre os quinze e dezessete anos, e por último, uma jovem alta, esbelta, de cabelos loiros e olhos esverdeados, que fez os rapazes da rua pararem a pelada no meio da calçada para observá-la!

          Maria percebeu os olhares em sua direção e para provocar ainda mais, puxou a calça jeans para cima e empinou os seios, ao mesmo tempo que balançava a cabeça fazendo os cabelos longos voarem com o vento; os rapazes sorriram uns para os outros e o fim daquela tarde o comentário entre eles, foi somente sobre a nova vizinha.

          Passaram-se alguns dias para o início das aulas. O Colégio Dr. Sebastião Petruck, era o mais conhecido e também o mais caro da cidade; ficava a poucos quarteirões da rua Philladelphia e os seus alunos podiam ir à pé ou de bicicleta, como fazia a maioria deles. Naquela manhã, o colégio ganhou três novos alunos; Nicholas, que era alto com porte atlético, de cabelos e olhos castanhos; Nick, de estatura mediana, com os olhos castanhos e cabelos negros e Maria, a que chamara a atenção dos rapazes de sua rua.

          Nicholas era o irmão mais velho enquanto que Nick, era o caçula. Maria, era a filha do meio e puxou pelas características de sua mãe. Ao entrar no colégio, mais uma vez os olhares pairaram sobre ela; ela parou no meio do corredor e olhou para um cartão que trazia nas mãos. Jonny se aproximou rapidamente e perguntou:

          - Está procurando alguém? - Maria lhe mostrando o cartão disse:
          - Sala trinta e quatro! - Jonny sorriu!;
          - É a sala que eu estudo. Vamos, vou te mostrar o caminho! - Jonny começou a caminhar e Maria o seguiu.

          Estava acontecendo um debate na sala de aula e a algazarra que acontecia, deu lugar ao silêncio. Maria parou ao lado da mesa onde se encontrava o professor de Filosofia, entregando-lhe o cartão. Após ler o cartão, ele mandou que ela escolhesse um acento. Maria se dirigiu até o fim da sala e sentou perto da janela, ao lado de Jonny. O Sr. Robson após um tempo, levantou e começou a falar:

          - Bem turma! Como já vimos, temos uma nova aluna em nossa classe; vamos deixar que ela mesma se apresente! - e com um gesto de mão, chamou Maria à frente da sala. Ela olhando para os lados, foi a passos lentos até onde ele se encontrava:
          - O que vocês querem saber? - perguntou ela, dando a entender que não estava a fim de falar nada sobre ela;
          - De onde você é? - Gritou um aluno lá do fundo da sala;
          - De uma cidade ao Sul do Estado!
          - Qual a razão de se mudarem? - quis saber outro;
          - Sobrevivência da família!
          - Sobrevivência? Como assim?..., começou a chover uma torrente de perguntas que Maria começou a se irritar com aquela situação. Jonny percebendo, gritou:
          - Ei galera! Vamos ter bastante tempo pra saber sobre a nossa amiga, afinal, teremos um ano inteiro pela frente para nos conhecermos melhor! – encerrou a frase sorrindo para Maria. O Sr. Robson concordou com a colocação de Jonny e mandou Maria ir sentar;
          - Valeu pela força! – disse para Jonny ao sentar-se em seu lugar;
          - Estou à sua disposição! – devolveu ele insinuando-se para ela.

          O restante do dia passou sem maiores novidades. Ao término das aulas, na saída, Jonny tratou logo de acompanhar Maria:

          - Você se mudou para a mesma rua em que eu moro! Falou querendo puxar assunto;
          - Eu sei! Respondeu ela curtamente;
          - Todas as sextas, a turma se reúne na praça à noite, sabe aquela praça perto da casa velha?
     - Sei sim!
     - Seria uma honra se aparecesse por lá! – Maria parou na descida da escada de saída do colégio e falou:
          - Só se eles forem também! – respondeu ela apontando para os irmãos que a aguardavam encostados no carro;
          - Tudo bem! Quanto mais pessoas melhor! – Jonny estendeu a mão para Maria e foi em direção oposta.

            Na sexta à noite, a turma já estava toda reunida, quando Maria surgiu acompanhada de seus dois irmãos. Jonny abriu caminho entre seus amigos e foi recepcioná-los:

     - Já estava rolando uma aposta em relação à vocês.
     - Aposta? – perguntou Maria;
     - A galera tem um hobby onde qualquer coisa ou situação, é motivo para rolar uma aposta ou desafios. Vocês gostam de desafios?
     - Depende do desafio! – respondeu Nicholas entrando no meio da conversa;
     - Já tem dois meses que estamos apostando em quem vai ter coragem para entrar na velha casa – apontou para o outro lado da rua – e até agora não apareceu ninguém com coragem suficiente! – terminou a frase lançando um olhar de desafio para Nicholas. Juntaram-se ao restante da turma e descontraíram-se em meio às conversas.

          Por volta das vinte e três horas, Nicholas olhando para a casa perguntou:
          - Qual é a recompensa para quem entrar naquela casa?
          - Bem, fizemos uma aposta e o montante está em mais ou menos oitocentas pratas! – respondeu Jonny;
          - Se aumentarem em mais duzentos, eu entro naquela casa agora! – desafiou Nicholas. A turma fez silêncio e se entreolharam, mas foi Maria que quebrou o suspense no ar:
          - Você não precisa provar nada à ninguém Nicholas! – Maria falou baixinho;
          - Não vou provar! Só quero ganhar a grana deles!... – Jonny foi passando entre seus amigos recolhendo o restante do dinheiro, quando terminou falou:
          - Ok! Valentão! Temos sua grana aqui, mas para recebê-la, ainda existe uma condição... – Nicholas levantou e foi na direção de Jonny ;
          - Pode falar!
          - Você vai ter que andar pela casa toda e trazer alguma coisa de dentro da casa... – Jonny dava as instruções à Nicholas, balançando o montante de notas em sua frente;
          - Certo! Mas queria dividir esta grana com alguém que se aventurar a ir comigo até à casa! Fez-se um silêncio que até se podia ouvir os grilos no meio da grama;
     - Eu vou! – Gritou Henrique saltando do banco onde estava sentado para o meio da turma – Eu vou e provar pra todo mundo que não existe esse negócio de casa mal-assombrada!
          - Legal! Pelo menos um corajoso! – Disse Nicholas caminhando em direção à casa sendo acompanhado por Henrique.

          Chegando no portão, Nicholas subiu e pulou para dentro do gramado com uma agilidade surpreendente, enquanto que Henrique, precisou de sua ajuda para passar. Levou uns vinte minutos até se ouvirem um barulho seguido de um uivo forte, como se fosse de um lobo acompanhado de um pedido de socorro. A turma se pôs em pé, olhando para a frente da casa, quando Nicholas surgiu saindo pela porta da frente com um saco nas mãos, caminhando lentamente até onde estava todos reunidos, lançando o saco no meio deles:

          - Ai está seu pedido; objetos da casa!
          - Cara! O que são essas coisas e que grito foi aquele? – Perguntou Jonny;
          - Cadê o Henrique? – Perguntou Paty, a namorada de Dougy;
          - Ah! Ele saiu correndo pelas portas do fundo quando ouviu o cachorro da casa uivar. – Nicholas respondeu lançando um olhar sobre seus irmãos;
          - Covarde! Sempre soube que ele não passava de um covarde! Jonny sorriu ao responder;
          - Bem, aqui está sua grana, como o covarde do Henrique não ficou até o fim, acho que ela é toda sua! – Nicholas pegou o dinheiro das mãos de Jonny e falou:
          - Vamos fazer uma festinha com essa grana! Amanhã à noite todos vocês estão convidados para irem na minha casa!
          - E seus pais, não piram com essa idéia não? – Jonny perguntou enquanto Nicholas se afastava com seus irmãos;
          - Meus pais também vão adorar participar desta festa! – Respondeu já se preparando para ir embora, quando passou pelo feche da luz do poste, Paty percebeu algo em sua camisa:
          - Isso em sua camisa é sangue?- Jonny olhou para baixo verificando a situação:
          - Deve ter sido na hora em que pulei o portão, acabei arranhando o peito... – atravessou a rua em direção à sua casa juntamente com seus irmãos. Um por um foi tomando seu destino. Dougy ficou parado olhando em direção à Nicholas e seus irmãos, quando Jonny se aproximando dele, perguntou:
          - Que foi cara?
          - Sei não Jonny, tem alguma coisa estranha com essa turma aí! – Respondeu olhando os três irmãos sumirem quintal à dentro;
          - Estranho?
          - Jonny, você por acaso já viu algum cachorro na velha casa?
          - Sei lá cara! Acho que não! Quer saber; estranho é o Henrique cair fora e não ter voltado! Na certa foi pra casa com vergonha da galera. Vamos Dougy, ta na hora de cair fora! – Saiu andando puxando o amigo pelo braço...
          

(A CASA SEM ESPELHOS – SEGUNDA PARTE)


            Na noite seguinte, no horário combinado, Jonny chegou ao nº 171 com mais quatro amigos. Paty, quebrando o silêncio, falou:
          - Jonny, Dougy falou comigo e você realmente não acha meio estranho esse convite assim, tão de repente?
     - Até você Paty? Esquece isso! Vamos nos divertir e ver se realmente essa galera é estranha ou não!
          - Esse seu interesse se ressume em “MARIA” – Falou Dougy desenhando no ar a silhueta de um corpo feminino com as mãos;
          - Alguém chegou a ver o Henrique hoje? – Paty perguntou com o ar de preocupação;
          - Deve estar ainda com vergonha da gente por ter metido o pé ontem à noite! – Jonny respondeu abrindo a porta do carro e saltando para fora, seguido do restante da turma, menos por Dougy que ficou parado;
          - Que foi cara, você não vem? – Perguntou Jonny olhando para Dougy;
          - Vou sim, mas antes quero comprar um cigarro pra mim!
          - Só não demora! – Jonny deu as costas e se dirigiu para a casa. Dougy esperou eles chegarem até a porta e disparou em direção à casa de Henrique.

          Jonny e seus amigos foram recebidos por Maria na entrada da casa que lhes abriu a porta. Entraram e foram conduzidos por Nick, o caçula, até a sala onde encontraram os pais de Nicholas sentados um ao lado do outro com uma taça cheia de uma bebida que parecia ser vinho. Nicholas surgiu com umas latas de cerveja, distribuindo-as para cada convidado. Maria sentou ao lado de Jonny, enquanto Nick permaneceu em pé por trás do sofá onde a turma estava sentada:
          - Então vocês são os novos amigos de meus filhos? Perguntou o Patriarca da família;
          - Na verdade, estamos começando a nos tornar amigos! – Respondeu Paty;
          - Vocês estudam no mesmo colégio, não é mesmo?
          - Sim, nos conhecemos lá! – Paty virou-se na direção da mulher que fizera a pergunta, observando ela pegar uma garrafa negra e despejar mais um pouco da bebida na taça;
          - Bem, fiquem à vontade e sintam-se na casa de vocês, estaremos aqui, na sala ao lado, precisando de mais alguma coisa, Nicholas irá servi-los! – O pai de Nicholas saiu da sala, adentrando no outro cômodo, enquanto que a mulher se dirigiu à cozinha.

          Dali por diante, a conversa seguiu normalmente, até que Paty pediu para usar o banheiro. Maria levantou e fez sinal para que ela a seguisse. Subiram as escadas que levava para o andar superior e indicou-lhe a porta. Depois de usar o sanitário, pegou um pente na pequena bolsa que levava consigo, e foi à frente da pia achando ter por ali um espelho; olhou para todos os cantos do banheiro e não encontrou nada que pudesse refletir sua imagem;

- Tudo bem aí? – Assustou-se quando Maria bateu na porta fazendo a pergunta;
           - Tudo! Eu já vou sair!
           Ouviu os passos de Maria se afastando da porta. Paty abriu a porta devagar e olhou para fora, ao perceber que estava sozinha, saiu nas pontas dos pés e resolveu olhar dentro do que lhe pareceu ser um quarto, se encontrava algum espelho; a vaidade feminina era mais forte do quê o medo de ser pega perambulando pela casa. Entrou no cômodo à procura do espelho mas não encontrou nenhum. Deu meia volta para sair, quando observou um quadro na parede; lá estava toda a família de Nicholas ao lado de um homem que parecia ser um padre, pintada no quadro, mas o que lhe chamara a atenção, eram as roupas que lembravam o estilo colonial do século XVIII. “devem ter se fantasiados” – mas quando chegou mais perto do quadro, notou o nome do pintor e a data: “FRANCESCO GUARDI – 1782”. Ouviu passos no corredor e se apressou em sair do quarto:

- O que você está fazendo aí dentro? – Perguntou Maria;
            - Eu..., me..., perdi! Acho que troquei o caminho do corredor! – Paty passou por Maria às pressas. Maria passou o olhar pelo quarto, fechou a porta e desceu logo atrás de Paty.

          Reuniram-se na sala no exato momento em que os pais de Maria entraram:

          - Está chegando a hora de comer! – Disse a mulher sorrindo;
          - Não vou mentir, eu estou com uma fome! – Jonny falou descontraído como se fosse íntimo da família;
          - Mas antes, cada um de vocês irão conhecer uma parte de nossa casa! –
            A mulher sorriu ao olhar para Paty – Nick, acompanhe este jovem até a cozinha; - Apontou para Sandro que estava sentado ao lado de Nick. Os dois levantaram e sumiram cozinha à dentro. Enquanto a mulher falava, Paty beliscou o braço de Jonny, fazendo sinal de querer falar com ele;
          - Depois Paty! Agora eu quero comer alguma coisa! – Disse ele. Mas Paty olhou sério para ele, que o fez mudar:
     - Algum problema Paty?
     - Tem algum lugar onde podemos fumar um cigarro? – Paty perguntou à Nicholas, que lhe mostrou uma porta que dava em um corredor lateral externo da casa. Paty apressou-se em sair, sendo seguida por Jonny:
     - O que é que você tem de tão importante para falar comigo, justamente agora na hora em que a gente ia comer?- Jonny perguntou mal-humorado;
     - Quando eu fui no banheiro, eu não achei um espelho, aliás, eu não vi nada que refletisse alguma imagem na casa!
     - Você me chamou aqui fora pra me dizer que não achou um maldito espelho pra pentear seu cabelo? – Jonny ficou ainda mais mal-humorado;
     - Se você deixar eu acabar de falar, você vai entender! – Paty respondeu com a mesma entonação de voz;
     - Quando eu sai do banheiro, eu entrei em um quarto, pra ver se encontrava algum espelho por lá, foi ai que eu notei um quadro na parede onde Nicholas e toda sua família estavam pintados ao lado de um homem que parecia ser um padre!
     - E o que isso tem de mais? – Jonny já estava ficando sem paciência;
     - O quadro estava assinado por FRANCESCO GUARDI!
     - E daí paty? Você agora vai implicar com um quadro pintado por esse tal de Francesco?
     - Jonny você não lembra não? – Paty fez a pergunta esperando Jonny dar uma resposta positiva, mas ele permaneceu com a expressão de quem ouvia falar de algo de outro mundo;
     - O trabalho de artes que fizemos no mês passado?
     - O que tem haver o trabalho da escola com a merda desse quadro Paty? – Jonny já estava irritado com aquele suspense;
     - FRANCESCO GUARDI, foi o tema do nosso trabalho! Esse pintor nasceu em Outubro de 1712 em Veneza, e morreu em Janeiro de 1792. Como é que Nicholas e sua família podem estar em um quadro pintado por ele?

     Nicholas permaneceu em silêncio analisando o que Paty acabara de lhe falar. Ia responder qualquer coisa, quando Maria surgiu no corredor e lhe fez um sinal com a mão. Nicholas olhou para Paty e respondeu:

     - Deve ser alguma imitação de algum pintor Paty!
     - Mas o quadro, eu tenho certeza que é verdadeiro!
     - E como é que você sabe disso? – Jonny perguntou já se dirigindo para dentro da casa:
     - Pela moldura e tecido envelhecido, como nós aprendemos lá no museu!

           A resposta de Paty ficou no ar. Jonny sumiu casa à dentro seguindo Maria. Paty entrou logo depois. Ao entrar, Nicholas perguntou se ela estava com fome, ela respondeu que estava bem assim e não queria nada. Tornou a perguntar se ela não queria conhecer alguma parte da casa, ela respondeu que precisava voltar a usar o banheiro, pois tinha comido alguma coisa em casa que não lhe fizera bem.

          Enquanto isso, Dougy que tinha ido na casa de Henrique, descobrira que ele não apareceu desde a noite passada. Seus pais lhe disseram que achava que ele estivesse na casa de um de seus amigos como era costume dele fazer sem dar notícias:

          - É! Deve estar! Eu não procurei na casa do pessoal! – Dougy mentiu sabendo que Henrique não estava na casa de nenhum conhecido da turma. Saiu prometendo aos pais de Henrique que assim que o encontrasse, pediria para ele telefonar para casa. Passou em frente à casa velha do final da rua em um ato mais de curiosidade que de coragem, resolveu ir até ela:
          - Pois não? – um senhor de uns setenta anos atendeu a porta após Dougy tocar a campanhia;
          - Desculpe o incômodo, mas é que eu estou procurando um amigo meu, na verdade, ele esteve ontem à noite na casa do senhor.
          - Ah! Você deve estar falando dos rapazes que entraram pela cozinha. Infelizmente eu tentei salvar o seu amigo, mas cheguei tarde!
          - Salvar quem? Do que o senhor está falando? – Dougy ficou sem saber o que perguntar:
          - Melhor você entrar, eles podem nos ver! – o ancião puxou Dougy para dentro da casa ao tempo que fechava a porta...

          Nesse meio tempo, Paty pegou o celular e ligou para Dougy; caixa de mensagem. Ligou novamente e deixou o recado:

          - Dougy, preciso que você venha me tirar daqui. Tem alguma coisa estranha com o pessoal dessa casa! – Paty falava quase que sussurrando ao celular.

          Após ouvir o velho da casa, Dougy saiu em disparada em direção à casa do outro lado da rua, com um pacote que o velho lhe dera. O celular deu sinal da mensagem recebida; Dougy olhou a mensagem e resolveu dar a volta pelos fundos da casa e entrar pela janela da cozinha:

          - Paty! Paty, a onde você está? – Dougy falava ao celular tentando localizar Paty;
          - Dougy?
          - Paty? A onde você está? – Dougy caminhava nas pontas dos pés ao mesmo tempo que falava ao celular;
          - No andar de cima, no banheiro. Venha rápido, eu estou com medo...

            a voz de Paty era de uma pessoa desesperada por uma salvação. Dougy chegou até a sala mas viu que não seria possível passar por ali; Nicholas se encontrava sentado na cadeira perto da escada. Teve a idéia de passar para trás da porta e atirou duas moedas em direção à cozinha no meio das panelas. O barulho chamou a atenção de Nicholas que foi verificar. Dougy aproveitou o momento e disparou em direção à escada; subiu devagar procurando pelo banheiro até achá-lo;
          - Paty? Você está aí?
          - Dougy, é você?
          - Vamos cair fora daqui! – Dougy falou encostando a boca na porta do banheiro. Paty abriu a porta devagar e abraçou Dougy assim que o viu:
          - Graças a Deus é você! Tem algo muito estranho com esse pessoal. – Paty falava afoita para Dougy, ao tempo que os dois se dirigiam para a escada:
          - Cadê o resto da galera? – quis saber Dougy;
          - Eu não sei. Cada um foi conhecer um cômodo desta casa como a mulher sugeriu e depois não vi mais ninguém! Quê pacote é esse em suas mãos? – Paty reparou no pacote que Dougy segurava nas mãos;
          - Nossa salvação! Depois eu te conto mas agora, precisamos encontrar a turma e cair fora desta casa!     

A CASA SEM ESPELHOS (PARTE FINAL)


          Dougy e Paty desceram as escadas devagar, sem fazer barulho. Viram quando Nicholas passou em direção ao que parecia ser uma biblioteca, chegaram na sala e tentaram descobrir em que lugar o restante da turma se encontrava, foi nesse momento, que Nicholas voltou e os surpreendeu; parou por trás deles e ficou observando. Paty ao virar-se, deu de frente com Nicholas:
          - O que vocês estão fazendo? Como foi que ele entrou aqui? – Quis saber Nicholas. Paty quase desabou com o susto que tomou e Dougy, não sabia se abria o saco que tinha nas mãos

ou se o escondia;
          - Procurando por nossos amigos! – Respondeu Paty sem disfarçar o nervosismo;
          - Como ninguém abriu a porta para Dougy quando ele chegou, achei que não haveria problema algum quando eu mesma abri a porta para ele! Completou a resposta;
          - Claro que não, como eu disse antes, todos são vem-vindos à minha casa! Eles estão lá na sala de jantar! – Nicholas respondeu dando as costas para Paty e Dougy, indicando-lhes a direção da sala.

          Os dois seguiram Nicholas que caminhava à frente e ao adentrarem na sala, encontraram todos sentados à mesa. O pai de Nicholas sorriu ao ver Paty entrar acompanhada de Dougy:

          - Pensei que você não nos daria a honra de jantar conosco! Fico feliz que seu amigo resolveu aparecer, isto significa, mais comida na mesa! – O pai de Nicholas desenhou um sorriso sinistro no canto da boca, que somente Paty e Dougy perceberam.
          - Nick, Maria, coloquem mais duas cadeiras à mesa para os nossos convidados! – A mãe de Nicholas falava com a voz suave.
          - Que cigarro demorado foi esse Dougy? Pensei que você tinha resolvido cair fora com aquela sua bobagem de desconfiança! – Jonny falou sem pensar, ao ver Dougy surgir na porta;
          - Precisei resolver uma situação antes! – Dougy respondeu secamente!

          Pouco tempo depois, Nick e Maria surgiram com duas cadeiras e puseram à mesa para Dougy e Paty, que sentaram-se receosos. A mulher saiu da sala e voltou logo em seguida empurrando um carrinho com o jantar. Distribuiu os utensílios sobre a mesa e parou na extremidade da mesa, contrária de onde estava sentado seu marido;

          - Nós temos uma tradição de família, que é servir os convidados – fez um gesto com as mãos e cada um se pôs por trás da cadeira de onde Paty, Dougy, Jonny e seus amigos estavam sentados. O pai de Nicholas ao parar por trás da cadeira de Dougy, percebeu o saco em suas mãos:
          - Posso guardar seu pacote? – falou estendendo as mãos para pegar o saco das mãos de Dougy que com um gesto meio brusco e repentino, abraçou o saco;

          - Não! É..., quer dizer...., eu prefiro ficar com ele aqui mesmo, obrigado! – Olhou para Paty que o observava com os olhos arregalados. Ao perceber que os anfitriões puseram seus braços por sobre seus amigos, rapidamente retirou do saco um espelho com bordas vermelhas ao redor, ao tempo que ficava em pé seguido por Paty;

          - Saia de perto deles! – Dougy gritou colocando o espelho à frente e virando sua face para os moradores da casa;
          - Dougy, ficou maluco cara? Que merda é essa? – Jonny perguntou se aproximando de Dougy;
          - Jonny! Venha para trás de Dougy! Vocês também! – Paty precisou falar alto para a turma que assistia à tudo sem entender nada.
          - Vocês estão cometendo um grande erro. Se nos derem a chance de explicar, vocês irão entender tudo! – Maria falava com a cabeça baixa sem olhar na direção de onde Dougy estava com o espelho.

          Nesse momento, quando Jonny e o restante da turma se posicionou por trás de Dougy, foi que ele percebeu que a família de Nicholas, todos eles, estavam de costas sem querer olhar para Dougy, que mantinha os braços estendidos, segurando o espelho;   

          - Dougy, eu juro que se você não me disser o que está acontecendo agora, eu tomo essa merda de espelho de suas mãos! – Jonny virou-se para Dougy esperando uma resposta.
          - Depois eu explico tudo para vocês mas antes, precisamos sair daqui e voltar na velha casa!
          Dougy ao pronunciar estas palavras, fez com que Nicholas olhasse para o pai que fez um gesto para que ele permanecesse calado e no mesmo lugar;
          - Você pirou de vez Dougy? Por acaso você esteve na velha casa e quer nos levar também? – continuou Jonny;
          - Eu garanto que estaremos mais seguros lá, do que aqui!
                - Meu jovem, é você que está enganado! É melhor deixar-nos explicar a história verdadeira antes que seja tarde demais! – A mãe de Nicholas pediu mais uma vez para que Dougy a escutasse, mas ele continuou apontando o espelho na direção deles.

          Nesse meio tempo, Nick que tinha se afastado um pouco do lugar onde estava Maria e Nicholas, sem prévio aviso, saltou sobre Dougy fazendo com que ele tombasse ao chão, na tentativa de tomar de suas mãos o espelho. Nick conseguiu ficar por sobre Dougy, que permaneceu de bruços abraçado ao espelho, e em um movimento rápido, virou-se e mostrou a face do espelho para Nick que tentou desviar o olhar, mas foi tarde de mais; ao ver seu rosto refletido no espelho, seu corpo começou a transforma-se em pó, a começar pelo rosto, foi descendo até chegar no tronco inferior, restando no chão um amontoado de terra.

          Os amigos de Dougy ao assistirem a cena, começaram a gritar e a correr em direção à porta, seguidos de Jonny e Paty. Dougy permaneceu no chão com as mãos trêmulas, como se estivesse assistindo a um filme de ficção, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. Voltou à realidade quando ouviu o grito da mãe de Nick, como vindo do além:

          - Nick! Nãããããoooo!...
          Do lado de fora da casa, Paty lembrou-se que Dougy tinha ficado para trás:
          - Jonny! – Precisou gritar novamente para que Jonny parasse de correr;
          - Jonny! O Dougy ainda está lá dentro!
          Jonny parou abruptamente! Voltou o olhar em direção à casa e começou a gritar juntamente com Paty:
          - Dougy! Dougy!

          Dougy ao ouvir chamarem por seu nome tratou logo de levantar-se e sair em disparada em direção a saída. Na pressa, deixou o espelho cair e quando tentou recuperá-lo, viu que Nicholas partia pra cima dele; Abandonou a idéia e correu! Ao chegar do lado de fora, encontrou a turma próxima ao portão;

          - Cara, que merda foi aquela? – Jonny perguntou ao mesmo tempo que eles corriam para longe da casa;
          - Quando chegarmos na praça, eu explico tudo! – respondeu sem querer entrar em mais detalhes. Na casa, Nicholas ficou parado na porta, observando Dougy e seus amigos se afastarem cada vez mais dali. Seu pai se aproximou e o abraçou:
          - Vamos atrás deles ou deixamos eles entreguem à própria sorte? – Nicholas perguntou ao pai, deixando transparecer a raiva que estava sentindo;
          - Apesar de tudo, não podemos deixá-los entrar naquela casa ou tudo estará perdido!...

          Na praça, a turma parou sob um Flamboyant. Depois de recuperar o fôlego, Jonny se aproximou de Dougy e perguntou:

          - Acho que está na hora de você nos dizer que merda é essa que aconteceu naquela casa e porque a gente tem que ir até à velha casa mal-assombrada?     
          - O velhote me falou que ontem à noite, ele viu quando o Henrique entrou na casa com o Nicholas. Ele seguiu os dois pela casa até o momento em que viu o Nicholas atacar o Henrique; ele disse que tentou impedir, mas que não teve forças o suficiente para salvar nosso amigo e se trancou no quarto.
          - E onde está o Henrique? - Paty perguntou, já sabendo da resposta;
          - Está morto! - Dougy respondeu ao tempo que começou a caminhar em direção à velha casa...

          Após colocar o que sobrou de Nick em uma urna de ouro, Inês, a mãe de Nicholas, juntou-se ao restante da família na sala;

          - O que vamos fazer em relação a eles? Dirigiu-se ao marido, referindo-se a Dougy e seus amigos;
          - Vamos nos preparar e entrar na casa, por mais risco que podemos ter, precisamos fazer alguma coisa! Nicholas e Maria escutava o pai e a mãe sem pronunciarem uma única palavra;
          - Você sabe que ainda não é o tempo certo de tomar esta decisão!
          - Sim, mas não temos outra alternativa a não ser, por um fim nessa história de uma vez por todas! - O homem pegou uma sacola preta em cima da mesa, pôs a urna dentro junto com o espelho que Dougy deixara cair e seguiu rumo à casa no final da rua, sendo acompanhado por Nicholas e Maria; a mulher sentou na cadeira de madre-pérola e fechou os olhos...

          Dougy seguia na frente, enquanto que a turma caminhava atrás dele. Ao chegar na porta da velha casa, olhou para os amigos que o observava temerosos. Tocou a campanhia; um feche de luz vermelha apresentou-se no espaço da porta entreaberta e um cheiro forte de carne podre saiu de dentro da casa. Dougy virou o rosto para o lado, o velho saiu rapidamente e o segurou pelo braço, mostrando um sorriso de satisfação:

          - Estava esperando por vocês! - falou olhando para os amigos de Dougy;
          - O senhor falou que estaríamos seguros aqui, pelo menos nesta noite! - respondeu Dougy tentando se libertar das mãos do velho que o segurava com uma força incomum para alguém daquela idade;
          - Que cheiro de podre é esse? - Paty perguntou segurando o nariz e expressando na face, um repúdio que pode ser percebido por todos;
          - Foi a carne que esqueci fora da geladeira, mas minha esposa, já está dando um jeito nisso! Vamos, entrem, parece até que vocês estão com medo de mim! - o velho falava ao mesmo tempo que, praticamente, arrastava Dougy pelos braços para dentro.

          Ao entrarem, Dougy e seus amigos perceberam que não estavam sozinhos na casa; a mulher que o velho dissera ser sua esposa, estava rodeada por cinco pessoas diante de uma grande mesa de mármore cinza e vestidas de preto com uma capa escarlata, que cobria praticamente todo o corpo. O velhote trancou a porta atrás de sí, aquelas pessoas rodearam a mesa agarrando cada um dos amigos de Dougy.

          Tentaram se livrar sem êxito! Aquelas pessoas tinham uma força descomunal. Começaram a falar uma língua desconhecida e indecifrável, entoando um chamado por um nome que Paty tentou entender, mas tudo que ouviu foi um grito bestial saindo do centro da mesa. Viu quando uma fumaça avermelhada com um cheiro forte de enxofre, envolveu toda a sala e uma daquelas pessoas passou um punhal no pescoço de Jonny e o empurrou em direção à mesa; ouviu o som de ossos sendo quebrados e carne sendo rasgada. Entrou em estado de choque; um ser bestial mostrou a cara através da fumaça! Tinha o rosto mais negro que o carvão e pontiagudo, os olhos como de uma grande serpente e duas presas enormes na boca.

          Olhou na direção de todos que estavam na sala e recuou. As pessoas começaram a entoar novamente o cântico ao tempo que cortava a garganta de outro amigo de Paty e repetia a cena empurrando-o em direção a grande mesa de mármore...

          Paty voltou a si quando pedaços de vidros vindo das janelas que se quebraram, atingiu-lhe o rosto; Nicholas foi o primeiro a saltar para dentro da casa seguido por seu pai. Maria permaneceu no lado de fora, na porta. Ao ver os dois, o velhote empurrou Dougy para a mesa que ainda tentou se desviar da trajetória, mas duas mãos com garras enormes o seguraram pelo pescoço, separando sua cabeça de seu corpo.

          A velha tentou repetir a ação com Paty, mas Nicholas conseguiu puxá-la para o lado, o que fez com que ela batesse a cabeça em um móvel, desmaiando logo em seguida. O que se passou em seguida foi uma luta entre a vida e a morte, entre os dois lados, até que o pai de Nicholas, conseguiu tirar a urna de dentro da sacola preta que carregava e lançar o que sobrara de Nick, na direção da grande mesa de mármore. Um fogo subiu da mesa, sugando o velhote e as pessoas que estavam com ele. Nicholas pegou o espelho, sem deixar-se refletir nele, e o partiu em vários pedaços; o fogo começou a entrar naqueles pedaços de espelhos espalhados pela casa, até desaparecer por completo!...

          Aos poucos, Paty foi recobrando a consciência. Abriu os olhos devagar e a primeira coisa que viu, foi o quadro da família de Nicholas pintado por FRANCESCO GUARDI, mas não viu a imagem de Nick que tinha desaparecido do quadro. Levantou-se de sobressalto! Sentiu quando Nicholas a segurou pelos braços e disse:

          - Calma! Agora você está segura!

          Paty ficou sem entender. Maria nesse momento entrou no quarto, seguido do restante da família;
          - Você deve estar curiosa pra saber sobre o quadro, não? – Perguntou ela a Paty – Pois bem, sim, o quadro é verdadeiro e sim, somos nós naquele quadro!
          Paty estremeceu dos pés à cabeça. Tentou levantar mas ainda sentia a pancada na cabeça;
          - Quem são vocês? O que aconteceu na casa do velho? – perguntou ela;
          - Somos responsáveis por não deixar o sacrifício de pessoas ao deus baal-tbor, voltar a existir. Aquelas pessoas eram adoradoras desse deus, estamos aqui só para destruí-las e conseguimos, infelizmente com a perda de um membro da famíla. – esclareceu o pai de Nicholas.
          - Dougy contou que foi Nicholas que matou Henrique!
          - Eu tentei impedir que ele matasse seu amigo. Quando tentei tirá-lo das mãos do velho, acabei sendo ferido no peito, por isso você viu minha camisa manchada com sangue. – Nicholas respondeu sério.

          Paty ficou olhando para aquelas pessoas, analisando o motivo de ainda estar viva. Olhou ao redor para ver se encontrava mais um de seus amigos:

          - Meus amigos, tem mais alguém aqui?
          - Não! Você foi a única que ficou viva. Mas existe uma razão para isso; - Paty esperou apreensiva, que o pai de Nicholas concluísse a resposta;
          - Para permanecermos vivos, não podemos deixar que nossa imagem seja refletida no espelho, por isso, não existe espelhos nesta casa! – Paty lembrou-se de Nick;
          - E temos que ser em número de cinco pintado naquele quadro – Ele apontou para o quadro na parede.

          Paty olhou para o quadro suspenso na parede. Arrependeu-se por não ter escutado a mãe de Nick quando ela quis explicar a história. Fechou os olhos e só os abriu quando Nicholas e seu pai a levantaram pelos braços;

          - Vamos, precisamos refazer a pintura!

            Paty olhou e viu quando um velho encapuzado começou a desenhar sua imagem no quadro, no lugar exato onde antes existia a imagem de Nick. Sentiu um formigamento no corpo inteiro à medida que sua imagem era pintada no quadro;

- O que vocês estão fazendo? Por favor, parem!
            - Precisamos que alguém substitua o Nick, para continuarmos a nossa brincadeira! – respondeu Maria sorrindo para Paty;

           - Brincadeira? Do que você está falando? – Paty tremeu quando o homem que a desenhava, virou-se e retirou o capuz da cabeça;

           - Não! Não pode ser você!... Reconheceu o velhote da casa; o mesmo que matara Dougy e seus amigos. O velho terminou a pintura e Paty sentiu como se sua alma fosse puxada para dentro do quadro, tornara-se um sepulcro-caiado;

- De tempos em tempos, brincamos entre nós, para ver quem consegue matar a maior quantidade de jovens como você e seus amigos! Isso nos alimenta o corpo! – Respondeu o velho sorrindo sarcasticamente.

          - Seu amigo foi mais rápido do que pensei quando vocês estavam na mesa! – Disse a mãe de Maria, mostrando a borda vermelha do espelho dentro do mesmo saco preto que Dougy tinha em mãos;

          - Agora, você faz parte de nosso time!

            Nicholas falou olhando para Paty, que permaneceu parada como se fosse um zumbi. Virou-se para o velho e completou:

- E da próxima vez, seremos nós que ganharemos de você vovô!               
          
          
                         EMANNUEL ISAC

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