Quando lemos o Sermão do Monte, em Mateus 5 a 7, costumamos pensar que estamos diante de um novo código de leis, que nos foram dadas por Jesus Cristo para cumprirmos em complemento aos mandamentos da Lei de Moisés.
Todavia, a intenção de nosso Senhor Jesus Cristo não foi esta, mas a de revelar quais são as características pessoais e circunstâncias que acompanharão aqueles que foram tornados cidadãos do reino dos céus, por meio da fé nEle, e por terem nascido de novo do Espírito Santo.
Ali está descrito sobretudo, quais são as atitudes, pensamentos, ações e o programa de vida de um cristão amadurecido.
Dizemos amadurecido, porque ninguém amará seus inimigos, perdoará seus ofensores, orará pelo bem dos que lhe perseguem, e bendirá os que lhe amaldiçoam, ou ainda, não reclamará o que se considera seus direitos legítimos quando sofrer injustiças, caso não tenha feito progresso no crescimento na fé, na graça e no conhecimento pessoal de Jesus Cristo, sendo e agindo como o Seu Mestre.
A glória de Deus é ser amoroso, misericordioso, longânimo, bondoso, perdoador, para com todos, inclusive para com os piores pecadores.
E assim como Ele é, importa que sejam aqueles que se tornaram seus filhos amados, por meio da fé em Cristo.
Então o Senhor delineou no Sermão do Monte, quais são as características essenciais que estarão presentes naqueles que se converterem a Ele, como resultado do fruto do Espírito Santo, que operou neles a regeneração (novo nascimento espiritual) e a santificação (mortificação das obras da carne e revestimento das suas virtudes divinas).
Cristãos amadurecidos não são dominados por amarguras, iras, contendas, gritarias, glutonarias, e todas as demais obras da carne que são nomeadas na Bíblia.
Cristãos amadurecidos são longânimos, como Deus é completamente longânimo.
São amorosos, como Deus é amoroso.
São misericordiosos, como Deus é misericordioso.
Não são legalistas, moralistas, acusadores, mas promotores do amor, da paz, do perdão, da oferta da justiça de Cristo para a justificação dos que se encontram presos às amarras do pecado.
São tardios para se irar e para falar, e prontos para ouvir, porque sabem que a ira do homem não promove a justiça de Deus, mesmo quando esta ira é motivada pela defesa dos princípios de Deus contra o pecado.
A propósito, era justamente isto o que Tiago queria ensinar quando escreveu a epístola que leva o Seu nome.
Ele indicou a necessidade de se aprender a ser paciente e longânimo, debaixo das mais variadas provações, porque estas visam ao aperfeiçoamento espiritual do cristão, para que seja conformado ao caráter amoroso, longânimo, bondoso e paciente do próprio Deus.
Não estava portanto escrevendo uma cartilha de bons modos, ou de procedimentos sociológicos e psicológicos para sermos bem sucedidos em possíveis demandas e disputas com o nosso próximo, por nos mantermos serenos e calados.
O que ele tinha em foco, tal como o Seu Senhor no Sermão do Monte, era muito mais profundo e significativo do que isto.
A semelhança com Jesus Cristo em tudo. Este é o alvo principal.
A vida de Cristo manifestada no comportamento do cristão. Este é o ponto central.
E isto não é obtido por mero conhecimento intelectual da vontade revelada de Deus nas Escrituras.
Tem a ver com experiências reais transformadoras da graça de Jesus, do poder do Espírito Santo, dando-nos um novo coração e um crescimento progressivo na obtenção das virtudes espirituais do próprio Deus.
Foi para esta exata imagem e semelhança com o caráter santo de Deus que o homem foi criado por Ele.
De modo que saberemos que temos sido aperfeiçoados em tal caráter, quando virmos as realidades afirmadas no Novo Testamento, sendo implantadas no nosso viver diário, especialmente pela forma como agimos nas situações que nos são adversas.
Então temos estas leis, se é assim que devemos considerá-las (porque são inscritas por Deus na nossa mente e coração, ou seja, farão parte da nova natureza recebida pela fé), como as leis principais que devemos observar e praticar: a do amor a Deus, à Sua Palavra e ao próximo; a da paciência na tribulação; a da longanimidade na provocação; a da fé e do ânimo constante nas aflições; a da mansidão, da paz de mente e coração nas perturbações.
Na verdade, nada disto se obtém por uma simples vontade de cumprir a lei ou o mandamento, mas por uma andar constante no Espírito Santo, debaixo de um temor e amor real a Cristo.
Gál 5:16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
Gál 5:17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Gál 5:18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
Gál 5:19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
Gál 5:20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
Gál 5:21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
Gál 5:22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
Gál 5:23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
Gál 5:24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Gál 5:25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
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